A demora no reassentamento das mil famílias que precisam mudar de endereço para garantir a construção da nova ponte do Guaíba já está afetando o ritmo das obras. O consórcio de empresas responsáveis pelo contrato já demitiu 170 funcionários no mês de maio, segundo o Sindicato dos Trabalhadores nas Indústrias da Construção Pesada no Rio Grande do Sul (Siticepot-RS).
Os representantes dos operários ainda informam que, atualmente, há 475 trabalhadores na obra. O consórcio Ponte do Guaíba ainda não se manifestou sobre as demissões. De acordo com o Departamento Nacional dos Transportes Terrestres (Dnit), o número de operários está sendo adequado conforme às frentes de trabalho.
- Como ainda não conseguimos reassentar as famílias, tanto da ilha quanto do continente, teremos que reduzir o pessoal -, disse o engenheiro da autarquia Carlos Vieira.
Porém, Vieira ameniza a situação ao dizer que o número de demitidos não se conecta com o cronograma da obra.
- A obra desde o seu início passa por fases de maior ou menor mão de obra, dependendo da etapa que se está construindo - disse ele.
Ainda segundo o Dnit, apenas 54 das quase 500 famílias já deixaram a região das ilhas. Outras 463 já fizeram acordo na Justiça Federal, mas ainda não deixaram suas casas. Falta concluir ainda aproximadamente 30 acordos. Depois, ainda será necessário fechar outros 500 acordos que precisarão ser feitos com moradores das vila Areia e Tio Zeca.
A nova ponte do Guaíba atingiu 84% de conclusão. Um plano almejado pelo Dnit é conseguir liberar parte da travessia ainda em 2019.
A obra começou em outubro de 2014, mas os mutirões judiciais de conciliação, que vão garantir novas moradias para quem precisa ser reassentado só começou em 2018. O término das obras, que deveria ter ocorrido em outubro de 2017, foi prorrogado para junho de 2020. O Dnit ainda precisa de R$ 180 milhões para conseguir finalizar travessia.
Essa não é a primeira vez que um grande número de operários é demitido. Em novembro de 2015, as construtoras demitiras 200 funcionários por causa do atraso no repasse de recursos do Governo Federal. Em fevereiro de 2016, os trabalhadores chegaram a realizar greve nos canteiros de obra da nova ponte. Três meses depois, a obra chegou a ter apenas 75 operários. A situação só começou a ser normalizada a partir de junho, quando o presidente Michel Temer garantiu a volta do investimento na obra.