As pessoas que gostam do que fazem fazem bem, seja lá o que façam. Os que gostam menos ou nada, e são pressionados a fazerem-no em nome da sobrevivência, tornam-se insuportáveis se estiverem garantidos por algum tipo de estabilidade e principalmente se a remuneração que recebem a cada mês dessa agonia profissional não depender da quantidade ou da qualidade do que fazem.
Quando não há nenhum tipo de recompensa por esforço, a tendência é que todos façam menos: os que odeiam o trabalho e quem o inventou, por razões óbvias, mas também os que têm prazer em trabalhar puxam o freio para fugir do bullying explícito daqueles infelizes que consideram afrontosa qualquer atitude que contraste com a apatia que os define.
E, naturalmente, o desenvolvimento econômico e o progresso social de uma repartição, município, Estado ou nação dependerão do percentual desses párias ocupando funções ativas e previsivelmente enchendo as de lerdeza, preguiça, indiferença, frustração, implicância e mau humor. Muito mau humor.
Como faz parte da natureza humana fazer o mínimo se não formos estimulados (ou obrigados?) a fazer mais, as tentativas de implantação de regimes que extinguiam a competitividade do empreendedorismo, transferindo toda a pretendida prosperidade para o comando do Estado, só serviram para produzir gerações de incomparáveis indolentes, que, como era de se esperar, terminaram corrigindo a disparidade social não pela equiparação da felicidade, e sim pela democratização da pobreza, com todos nivelados na falta de iniciativa e na estagnação, compulsórias quando a ambição por crescimento não faz parte do processo.
E foi sempre assim, independentemente da nobreza de intenção de fomentar uma utopia, que mereceu denominações diversas (a mais recorrente se chamou socialismo), que idealizava gerar “o homem novo” sonhado por Guevara, um protótipo que, de tão comovente, nunca deixou de ser sonho. E olha que o fracasso não decorreu da falta de adeptos, que foram muitos, mesmo subtraídos os descarados oportunistas.
Regimes que transferiram toda a pretendida prosperidade para o comando do Estado só serviram para produzir gerações incomparáveis indolentes
Ninguém deve se sentir constrangido por ter, em algum estágio da vida, acreditado que era possível criar um novo modelo social, mesmo que ele dependesse da improvável mudança da natureza humana. O que deve causar estranheza é o tempo desperdiçado por alguns fanáticos, quando já se tornara claro que aquilo não funcionaria, depois de ter fracassado em todos os lugares. Para os aficionados em metodologia científica de análise comportamental, a Alemanha e a Coreia, quando circunstancialmente divididas, serviram de laboratório delas próprias, com resultados tão opostos como previsíveis. Inclusive com a comparação subsequente entre os que desistiram logo e os teimosos de pedra.
Aos que se atrapalham com análises de amostras tão gigantes, se pode restringir a avaliação a um microuniverso, como, por exemplo, de executivos dos bancos que lhes atendam: um público e um privado. Interessado em comparar? Então, vamos lá: como cliente antigo, ligue para as respectivas secretárias desses gerentes e deixe recado, pedindo retorno.
A velocidade da resposta, instantânea ou retardada, demonstrará sistematicamente como as pessoas normais funcionam quando a solicitude não fizer parte do kit de sobrevivência dos envolvidos.