O Ministério da Cultura é um escândalo à espera de acontecer ou, mais precisamente, um escândalo em tempo real. Nenhum outro, com exceção dos novos focos de infecção montados no governo Lula como o “Ministério do Índio” etc. etc., cumpre com tanta intransigência seu papel como unidade de torrefação do dinheiro público.
É ali a casa da infame Lei Rouanet, com a qual artistas amigos do governo metem a mão no erário. Está sempre no topo da lista dos ministérios que deveriam ser extintos para o Brasil ter chance de dar certo em alguma coisa. Constata-se agora, mais uma vez, que o Ministério da Cultura age também como destruidor material da cultura brasileira.
A prova dessa aberração está no desabamento do teto da Igreja de São Francisco de Assis, no Pelourinho de Salvador – a “igreja de ouro”, um dos mais preciosos itens do já rarefeito patrimônio cultural do Brasil. O desastre é resultado direto, claro e intransferível da incompetência sistêmica do Estado brasileiro para cuidar do pouco que sobrou da cultura arquitetônica do país – e em especial da inépcia, da desídia e da vadiagem do Ministério da Cultura.
O “Estado” brasileiro, e todos os devotos do seu caráter sagrado, amam “tombar” coisas – construções, bens privados, objetos e até paisagens
O ministério, que tem a obrigação de cuidar dos bens culturais e não cuida, é na verdade um perigo de vida para os cidadãos que pagam por seus custos, salários e pelos presentes em dinheiro doados aos artistas amigos – uma turista morreu soterrada pelo desabamento. Ou seja: o Ministério da Cultura não faz o único trabalho que justificaria a sua existência, que é cuidar da preservação do patrimônio cultural do Brasil. Não consegue, nem sequer, garantir a segurança física de quem vai visitar uma igreja histórica. Se não serve nem para manter de pé o teto da “igreja de ouro”, então para o que serve esse enxame de parasitas pendurado no Tesouro Nacional?
O “Estado” brasileiro, e todos os devotos do seu caráter sagrado, amam “tombar” coisas – construções, bens privados, objetos e até paisagens. O único efeito prático disso é que, a partir do tombamento, ninguém pode mais encostar a mão naquilo que foi tombado.
Fica então tudo por conta do “governo” – e o governo é em geral incapaz de cuidar de um carrinho de pamonha. Os museus têm goteiras (ou estão fechados), as bibliotecas não têm ar-condicionado, as igrejas desabam e por aí se vai. Em compensação, os artistas enchem o bucho com a Lei Rouanet. É o puro Brasil que só pode dar errado.