
Começou hoje, nos Estados Unidos, um julgamento que pode ficar para a história. No banco dos réus, está a Meta, empresa dona das redes sociais mais populares — e portanto, relevantes — do mundo: Facebook, Instagram e Whatsapp.
A ação foi movida em dezembro de 2020 pela Comissão Federal de Comércio (Federal Trade Commission, ou FTC, na sigla), uma espécie de Cade (Conselho Administrativo de Defesa Econômica, no Brasil) dos Estados Unidos. O argumento é de que a Meta comprou o Instagram e o WhatsApp para eliminar a concorrência. Se perder a causa, Mark Zuckerberg pode ter de vender as duas marcas.
O FTC é um órgão de governo que já foi alvo de investidas do presidente Donald Trump: em março, ele demitiu dois membros da comissão vinculados ao partido Democrata, apesar de haver uma decisão da Suprema Corte de 1935 proibindo o presidente de fazer isso sem motivo.
O CEO da Meta foi hoje, pessoalmente, ao tribunal testemunhar em favor da própria empresa e contra a tese do monopólio das redes sociais.
Mas a verdadeira carta na manga do empresário é outra: quem lembra de Zuck confraternizando com Elon Musk, Jeff Bezos e companhia na posse do Republicano, em janeiro? E da doação de US$ 1 milhão para a festa? Ou do jantar em Mar-a-Lago logo após a eleição?

E, sobretudo, do reposicionamento das empresas da Meta, anunciado em janeiro, dispensando a checagem de informações postadas em suas redes sociais. “Vamos nos livrar de um monte de restrições em tópicos como imigração e gênero que estão em desconexão com o discurso mainstream”, disse ele, no que foi o ápice (até agora) do alinhamento com Donald Trump.
No último dia 2 de abril, Zuckerberg foi visto na Casa Branca. Segundo os jornais New York Times e The Wall Street Journal, a razão da visita foi lobby – pressionar Trump por uma forcinha na busca por um acordo com a Comissão.
Aguardemos as cenas dos próximos capítulos.