
O Grande Irmão (aquele que tudo vê, apelido pelo qual é conhecido o videomonitoramento das ruas) tem contribuído para que quase 100% dos homicídios em Santa Maria, na região central do Estado. As câmeras postadas em locais estratégicos registraram quase 2 mil flagrantes de crimes diversos ou de suspeitos de cometê-los, nos últimos dois anos.
Não é só lá que o videomonitoramento é basilar para a segurança pública, lógico. Ele é pedra fundamental do projeto RS Seguro, pelo qual o Rio Grande do Sul tem alcançado redução gradual dos principais delitos, ao longo da última década. As principais cidades gaúchas contam com esse tipo de estratégia.
A questão é que os números em Santa Maria são muito bons. A resolução de homicídios supera em muito a média nacional, salientam o delegado regional da Polícia Civil, Sandro Meinertz, e o secretário municipal de Segurança e Ordem Pública santa-mariense, Getúlio de Vargas.
O videomonitoramento é coordenado pela prefeitura a partir do Centro Integrado de Operações de Segurança Pública (Ciosp), que é mantido pela secretaria da Segurança e Ordem Pública e completou cinco anos de atividade. Além de imagens, o Ciosp propicia a integração entre diversas instâncias do aparato de combate ao crime, que trocam inteligência e tecnologia. Ali operam, em tempo integral, os atendimentos dos Bombeiros, Samu, Brigada Militar, Polícia Civil, e órgãos da Prefeitura, como Guarda Municipal e Superintendência de Trânsito.
- A centralização ajuda a evitar a redundância (dois órgãos atendendo a mesma ocorrência) e qualifica a tomada de decisão, como quais e quantas equipes mandar para uma determinada ocorrência - explica Getúlio de Vargas.
A investigação de crimes de grande repercussão, principalmente homicídios e tráfico de drogas, tem se valido da rede de videomonitoramento mantida pelo Município, que conta atualmente com 1,2 mil câmeras. Além disso, outro recurso essencial para a segurança de Santa Maria é o cercamento eletrônico, um sistema composto por 40 câmeras estrategicamente posicionadas, que monitora e registra a entrada e saída de veículos em Santa Maria.
Os dois sistemas têm sido decisivos, segundo a 3ª Delegacia de Polícia Regional, para que Santa Maria tenha alcançado 95% de elucidação de Crimes Violentos Letais Intencionais (CVLI) em 2024 e 100% em 2023. Para fins de comparação, a média nacional de esclarecimento de homicídios no Brasil é de 39% (conforme o Instituto Sou da Paz).
- As ferramentas do Ciosp são fundamentais para a elucidação de homicídios. Atualmente, a primeira diligência a ser feita fora do local do crime quase sempre é a busca por imagens e informações no Ciosp. A imagem é decisiva, permitindo à polícia identificar rapidamente os autores, muitas vezes em questão de horas, graças ao reconhecimento facial e à experiência dos policiais. Crimes que antes levavam dias ou semanas para serem solucionados, agora são resolvidos até mesmo em 24 horas, graças ao cercamento eletrônico e à vasta rede de câmeras disponíveis - avalia o delegado Sandro Meinerz.
Além dos órgãos de segurança, os cidadãos de Santa Maria podem solicitar imagens relacionadas a crimes e infrações. Atualmente, a maior demanda dos munícipes está relacionada aos acidentes de trânsito, seguido por crimes contra o patrimônio.
O ponto negativo no quesito segurança é que o número de crimes violentos tem crescido em Santa Maria, apesar da vigilância e da elucidação. É que o município é palco de disputa entre pelo menos nove quadrilhas e/ou facções criminosas, pela sua localização estratégica.