O Rio Grande do Sul conta com 19 novos delegados da Polícia Civil. Eles foram recepcionados na noite de quinta-feira (13) na sede da Associação dos Delegados de Polícia do Rio Grande do Sul (Asdep), em Porto Alegre, numa solenidade que já é tradição na categoria. O reforço de contingente ajuda a recuperar a queda no número destes profissionais ocorrida nos últimos 10 anos.
A turma, que conclui o curso de formação este mês, é oriunda do último concurso público promovido pelo Governo do Estado, realizado em 2018. Os novos profissionais passarão a reforçar a segurança pública gaúcha ainda no primeiro semestre deste ano, fato celebrado pelo presidente da Asdep e ex-chefe da Polícia Civil, Guilherme Wondracek.
— A presença de novos delegados é sempre muito simbólica, pois dá um fôlego a mais, não apenas para a corporação, mas para a segurança dos gaúchos — comenta o presidente da Asdep.
O histórico recente do quadro de delegados na ativa apresenta oscilação nos últimos 10 anos. Dados da Polícia Civil mostram que, em 2015, havia 524 delegados de polícia no Rio Grande do Sul. Em 2019, o número caiu para 435, o menor em uma década. O último levantamento, de março, contabiliza 498 delegados na ativa. Com os novos 19, o efetivo chegará a 517, ainda bastante insuficiente, diante da demanda de serviço cada vez maior e até do crescimento populacional.
Para o presidente da Asdep, embora a recuperação seja lenta, é preciso reforçar o quadro, ainda longe do ideal. Wondracek admite que o crescimento populacional até não é dos maiores, mas ressalta que o mundo do crime que está cada vez mais organizado.
— Na contramão disso, temos uma polícia pouco valorizada, com queda no número de profissionais — reclama.
A evasão de policiais também acontece em outras categorias. Conforme dados do Sindicato dos Escrivães, Inspetores e Investigadores de Polícia-RS (Ugeirm-Sindicato), mais de 130 policiais civis pediram exoneração desde 2023. Desses pedidos, 15 foram feitos em 2025.
A Polícia Civil conta com pouco mais de 5,1 mil profissionais (entre agentes e delegados). Em 1996, para efeito de comparação, eram 6,4 mil, segundo recente balanço da Ugeirm.
A queda no número de delegados e agentes nos últimos anos se dá pela insuficiente valorização da classe policial, cuja remuneração não acompanha a dos demais estados.
— Esse problema reduz a qualidade do trabalho da Polícia Civil como um todo, o que, consequentemente, pode vir a afetar a população, levando em consideração o baixo número de policiais na ativa — conclui Wondracek.