O governo Lula acaba de decidir anular a nomeação de um oficial do Exército, feita pelo próprio governo Lula, para atuar na representação diplomática nos Estados Unidos, porque descobriu que ele conspirou... contra o governo Lula. Trata-se de Jean Lawand Junior, que atua no escritório de projetos estratégicos do Estado Maior do Exército.
Lawand é o personagem principal de uma série de diálogos revelados pela revista Veja nesta semana e que foram interceptados pela Polícia Federal (PF), na investigação sobre impulsionadores de atos antidemocráticos no pós-eleições. O coronel se revela, nas conversas, inconformado com a eleição de Luiz Inácio Lula da Silva (PT) para a Presidência. E propõe a outro coronel, Mauro Cid — então ajudante de ordens do ex-presidente Jair Bolsonaro (PL), derrotado na eleição — que um golpe de Estado fosse desencadeado para impedir a volta dos petistas ao poder.
"Pelo amor de Deus, Cidão. Pelo amor de Deus, faz alguma coisa, cara. Convence ele a fazer. Ele não pode recuar agora. Ele não tem nada a perder", diz Lawand, num dos diálogos com Cid, em apelo dirigido a Bolsonaro. É o que revela relatório de 66 páginas da PF, a respeito de mensagens no WhatsApp de Cid, que está preso há mais de um mês, por questão envolvendo suposta fraude em cartão de vacinação do SUS.
Cid responde, nos diálogos, que o presidente está relutante porque não confia no Alto Comando do Exército. Entre as ideias que surgem, no diálogo entre os dois, estão o afastamento dos ministros do Supremo Tribunal Federal (STF), impedimento da posse de Lula e decretação de estado de sítio.
Como se sabe, o Alto Comando acabou por não aderir a qualquer proposta de golpe ou estado de sítio.
Pois Lawand agora está em maus lençóis. Além do inquérito na PF, perdeu o ultra ambicionado cargo diplomático nos EUA, como revela a colega Jeniffer Gularte, do jornal O Globo. O destino profissional dele foi selado em reunião do comandante do Exército, general Tomás Paiva, com o ministro da Defesa, José Múcio Monteiro, e o presidente Lula, no Palácio do Alvorada nesta sexta-feira (16). A conversa durou cerca de uma hora e meia.
O comando do Exército avalia que o coronel deve ficar no país para prestar esclarecimentos à polícia.