O Tribunal de Justiça (TJ) do Estado vive momentos de tensão e indignação. Senhas de servidores do Judiciário teriam sido utilizadas para acessar computadores e vazar, para suspeitos de crimes, nomes de alvos de mandados de prisão. A investigação sobre isso é feita pela Polícia Civil e conta com apoio da Corregedoria do TJ, como revelam os repórteres Adriana Irion e Cid Martins.
O principal indício é que um grupo de defensores de pessoas investigadas pediu habeas corpus preventivo para elas, antes mesmo de terem acesso ao inquérito policial, que estava sob sigilo decretado pelo Judiciário. Ou esses advogados são videntes ou tiveram acesso à informação privilegiada, o que constitui um escândalo. Mais do que isso: coloca em risco a segurança de magistrados e policiais envolvidos no episódio. A suspeita é que senhas de servidores foram emprestadas ou vendidas por alguém de dentro da Justiça. Ou teriam sido hackeadas?
Pior de tudo é que pelo menos cinco operações policiais teriam vazado. Faz muito bem o Judiciário em colaborar com a Polícia Civil nessa delicada investigação. Tudo indica que terá de cortar na própria carne. Melhor isso do que ter todo um trabalho de combate ao crime colocado fora por culpa de maus servidores ou de um sistema de informática vulnerável ao acesso de facções criminosas. Bom lembrar que, durante a pandemia, os computadores do TJ também foram atacados por hackers e muitos processos judiciais ficaram vulneráveis ou tiveram dados perdidos. Hora de agir.