Há muito se suspeita que as facções criminosas gaúchas começam a se transformar em cartéis. Um novo indício surgiu agora, com a descoberta de um esquema de um gigantesco esquema de compra de drogas no Paraguai e revenda em pontos de distribuição regionais em 17 cidades brasileiras, quase todas no Sul. Dali a cocaína, a maconha e o crack são capilarizados para pequenas localidades.
A investigação é do Grupo de Atuação Especial de Combate às Organizações Criminosas do Ministério Público de Santa Catarina (Gaeco), com colaboração do seu equivalente gaúcho, além das polícias Civil e Militar dos dois Estados. E o que o Rio Grande do Sul tem a ver com o esquema? Tudo.
Os criminosos são ligados a uma das maiores facções gaúchas, oriunda de Porto Alegre, mas que já atua em todo o sul do Brasil.
Sinal disso é que,das 17 cidades-alvo da operação, nove são gaúchas: Alvorada, Porto Alegre, Viamão, Novo Hamburgo, Canoas, Charqueadas, Gravataí, Erechim e Capela de Santana. Ao todo, estão sendo cumpridos 116 mandados de busca e apreensão, 48 de prisão temporária, além de ordem judicial de indisponibilidade de bens no valor de aproximadamente R$ 1,6 milhão.
A droga era comprada na região de Ponta Porã (fronteira de Mato Grosso do Sul com o Paraguai) e embarcada em caminhões catarinenses, para ser redistribuída nos três Estados do Sul. Sobretudo o litoral catarinense e uma base forte em Alvorada, trampolim para abastecer o varejo de drogas na região metropolitana de Porto Alegre.
O Gaeco também aproveitou esta quinta-feira (6) para desencadear outra operação, junto com a Polícia Federal, contra a importação ilegal de pneus, também feita via Paraguai. Os pneumáticos, de origem asiática, são comprados naquele país e revendidos, sem pagamento de impostos, em diversas cidades gaúchas e catarinenses. Não há indício de que seja crime de facção, mas nunca se sabe…Os receptadores são gaúchos. O fato é que foram dois golpes contra o crime organizado num só dia.