O Exército ainda não foi convocado formalmente pelo presidente para combater as queimadas que assolam a Amazônia este ano, mas está pronto para a missão, disse o comandante do Exército, general Edson Leal Pujol, em conversa com GaúchaZH ao anoitecer desta sexta-feira (23). Ele ainda não recebeu do ministro da Defesa Fernando Azevedo e Silva os detalhes de como se dará a participação das Forças Armadas no combate ao fogo, "até porque não temos tropas de bombeiros", mas diz que qualquer ordem será cumprida. O documento assinado pelo Ministério da Defesa determina que o Exército deve atuar em "áreas de fronteira, terras indígenas, unidades de conservação ambiental e em outras áreas da Amazônia Legal".
Pujol, gaúcho que já serviu na Amazônia, recorda que as Forças Armadas já foram demandadas em várias ocasiões para ajudar a debelar focos de queimadas. Uma ocasião foi em Roraima, final dos anos 1990. Em outra, em 2013, foi feita uma grande operação contra madeireiras ilegais na região de fronteira amazônica com a Colômbia.
Como os militares não têm equipamentos de bombeiros ou aeronaves anti-incêndio, Pujol avalia que serão requisitados para apagar focos em turmas, como é costumeiro em queimadas. Uma das providências anunciadas pelo Ministério da Defesa é o deslocamento de dois aviões da FAB para Roraima, onde serão utilizados para lançar produtos químicos contra o fogo.
A suspeita de organizações não-governamentais e até da Nasa (agência aeroespacial norte-americana) é de que a ação de madeireiros clandestinos e fazendeiros tenha ajudado a aumentar, este ano (de janeiro a agosto), em 80% o número de queimadas em relação a igual período de 2018.
Como outros generais, Pujol vê com desconfiança a celeuma internacional provocada pelas queimadas. Ele diz não saber se realmente está pior do que em outras ocasiões.
— Veja, queimadas existem todos os anos, infelizmente. No próprio Distrito Federal, nesta época de seca, estamos com vários focos de incêndio. Pode estar ocorrendo uma campanha com interesses não muito claros aí — pondera.
Mesmo com essa ressalva, o comandante do Exército admite que existem muitos focos de incêndio e, como soldados, os militares estão de prontidão para executar a missão de Garantia da Lei e da Ordem (GLO) determinada pelo presidente Jair Bolsonaro. A duração da GLO deve ser de um mês.
Pujol não sabe quantos soldados serão designados para atuar contra as queimadas, mas lembra que o Comando Militar da Amazônia conta com 25 mil militares (sem incluir as demais forças, Marinha e Aeronáutica).
— Não é muita gente, haja visto que é um efetivo similar ao da Brigada Militar, que cuida de um só Estado. Lá são nove Estados e uma área maior que a Europa. Mas não necessariamente será utilizado todo o contingente local. Será bem menor — compara.