Estância Velha não figura entre as cidades gaúchas mais assoladas por crimes. Em 18 anos, registrou apenas cinco latrocínios. É por isso que a morte de pai e filho, vítimas do assalto à joalheria da família nesta quarta-feira (10), abalou a comunidade encravada na região de colonização alemã do Vale do Sinos. Leomar Canova e o filho, Luis Fernando, eram muito conhecidos e estimados.
Chama a atenção que os assaltantes estavam bem-vestidos, talvez para melhor incorporarem o personagem que ostenta poder aquisitivo suficiente para comprar joias. Fingiram-se clientes e sacaram as armas. Os Canova, pai e filho, tiveram uma reação emocional, compreensível para quem vai perder grande parte do suado patrimônio para a ação de criminosos. Eles se atracaram com os assaltantes, de mãos nuas. Foram mortos. Talvez não tivessem reparado que, além do ladrão que empunhava a arma para a balconista, outro sujeito armado estava na espreita. Ou repararam e resolveram lutar, mesmo assim.
Os culpados, óbvio, são os criminosos. Agiram com sangue-frio, à luz do dia, quem sabe aproveitando que cidades pacatas contam com menos policiamento.
O latrocínio é sempre uma covardia. Ao contrário dos homicídios, em que muitas vezes o autor e a vítima são criminosos (como ocorre no banho de sangue patrocinado por facções), a morte praticada por ladrões sempre tem um inocente desprevenido do outro lado. Foi o que aconteceu em Estância Velha. Menos mal que, é bom admitir, os governos estaduais têm conseguido reduzir ano após ano os indicadores de latrocínios no RS. Nada que console, infelizmente, a família destroçada neste episódio.