A Polícia Federal, ao prender um empresário do Rio Grande do Sul por locaute (boicote empresarial), mandou claro recado aos incentivadores da prolongada e dolorosa greve dos caminhoneiros: não vale tudo na tentativa de parar o país. Não vale furar pneu de veículo, botar arma na cara do motorista, atravessar a carreta na pista...
Isso sempre se soube, mas muitos pagaram para ver. Agora foi dada a resposta. Greve tem de ter adesão, não imposição.
Os relatos colecionados ao longo dos últimos dias pela Agência Brasileira de Inteligência (Abin) e pelas polícias estaduais e federais são de caminhoneiros que se viram obrigados a continuar a paralisação - mesmo após as principais reivindicações da categoria terem sido atendidas. Um desgaste desnecessário. Tudo porque o movimento, após conquistar redução no preço dos combustíveis e dos pedágios, tentou o lance grande na política: derrubar o presidente. Nem que para isso fosse preciso um golpe militar. E muitos clamaram, em faixas e às claras, pela intervenção do Exército e deposição do governo.
Pois, para surpresa dos grevistas mais radicais, o Exército interveio mesmo - só que para removê-los dos piquetes nas estradas. As Forças Armadas ajudaram a restaurar a legalidade.
Resta agora saber o que será feito dos 52 inquéritos abertos pela PF para verificar se ocorreu locaute de empresas de transporte na paralisação das estradas. A prisão deflagrada nesta quinta-feira (31) foi a única concedida até agora aos policiais: todos os demais pedidos foram negados pela Justiça. Os inquéritos, porém, vão continuar. Com ou sem prisões imediatas.