A jornalista Carolina Pastl colabora com a colunista Gisele Loeblein, titular deste espaço.

Diferentemente do arroz, a cotação da soja segue firme no mercado brasileiro — o que tem, inclusive, surpreendido consultorias espalhadas pelo país. Em Paranaguá, no interior do Paraná, o indicador do Centro de Estudos Avançados em Economia Aplicada (Cepea), da Universidade de São Paulo (USP), registrou o valor de R$ 132,47 para a saca de 60 quilos do grão na sexta-feira (28). Na mesma data no ano passado, a saca custava R$ 124,04.
— O que nos surpreende é que estamos falando de uma safra recorde no Brasil (de soja), apesar das perdas no Rio Grande do Sul (pela estiagem). Quer dizer, de alguma forma, os preços poderiam estar um pouquinho mais fracos nesse momento, mas não estão — esclareceu Luiz Fernando Gutierrez Roque, coordenador de Inteligência de Mercado na Hedgepoint Global Markets, ao Campo e Lavoura da Rádio Gaúcha neste domingo (30).
Mais do que a expectativa de uma safra farta no país, o cenário de preços firmes também "surpreende", continuou Roque, considerando a etapa em que as lavouras brasileiras de soja se encontram: em plena colheita. Afinal, com a maior oferta do grão, é esperado que as cotações caiam — o que Roque projeta para abril, quando toda a safra brasileira já deve estar disponível no mercado. É por isso que o especialista acrescentou:
— Estamos em um momento bem interessante (de venda de grão), pensando no produtor, com relação a preço. Claro que não é o melhor que o produtor já teve, mas é um preço interessante para esse momento. Principalmente porque a safra está entrando, e a gente deve ter uma pressão negativa (em um futuro próximo).
A queda, no entanto, existe, é preciso lembrar. No período de plantio, entre outubro e dezembro, o preço da soja no mercado brasileiro, conforme o Cepea, estava na casa dos R$ 140 a saca.
Os motivos
De acordo com Roque e o Cepea, o preço da soja tem se mantido firme neste momento em razão dos prêmios de exportação estarem firmes. É "uma especulação adicional", disse o coordenador de Inteligência de Mercado:
— Estamos com uma demanda forte pela soja brasileira, o que não chega a ser uma novidade. Muito por causa da guerra comercial, dos Estados Unidos com o mundo, principalmente a China.
O atraso na colheita também contribui para "jogar para frente" essa queda nas cotações.