A jornalista Carolina Pastl colabora com a colunista Gisele Loeblein, titular deste espaço.
O pé no freio das compras de máquinas e implementos em 2023 — os negócios acumulam queda de 11,8%, segundo a Associação Nacional dos Fabricantes de Veículos Automotores (Anfavea) —, deve fazer com que o setor entre em 2024 com um ritmo ainda lento. Na divulgação dos dados, nesta quinta-feira (7), a entidade apontou que 49.532 unidades foram comercializadas nos primeiros 10 meses do ano. Quando comparado outubro com igual mês de 2022, esse resultado evidencia um tombo ainda maior: 25,8%.
No Rio Grande do Sul, onde são produzidas mais de 60% das máquinas no país, o recuo nas vendas deste ano deve ficar em 15%, projeta o Sindicato das Indústrias de Máquinas e Implementos Agrícolas do Estado (Simers).
— Primeiro foi a seca, e agora não para de chover. Os agricultores estão com certa dificuldade de plantar, e isso desanima o comprador, que retarda a aquisição — analisa o presidente do Simers, Claudio Bier.
Além da condição climática, que prejudicou o Estado e outras regiões brasileiras de diferentes maneiras — no Nordeste, é a seca que afeta as lavouras neste momento —, a continuação do El Niño em 2024 também preocupa a indústria.
— Será um ano bastante desafiador, no sentido da continuidade do clima adverso, teremos o El Niño atuando forte — projetou Alexandre Bernardes, vice-presidente da Anfavea, na apresentação do levantamento da entidade.
Além do clima, a queda do preço das commodities, o juro alto, o custo de produção e a falta de crédito foram outros fatores apontados como explicação para o resultado do setor em 2023 — fora, é claro, da base alta de comparação. Por isso, Bier espera mais apoio do governo federal:
— Esperamos que o governo venha nos ajudar mais com um Plano Safra melhor, um Moderfrota com mais verba e juro mais baixo.