A jornalista Carolina Pastl colabora com a colunista Gisele Loeblein, titular deste espaço.
Andar a cavalo não é só coisa de gaúcho. É também de estadunidense, australiano e guatemalteco. Pelo menos é o que os quatro ginetes de nacionalidades inéditas para a competição estão mostrando na 21ª Marcha de Resistência da raça, que se encerra neste sábado (8), em Jaguarão, no sul do Rio Grande do Sul. Esse é, aliás, o maior número de estrangeiros da história da prova.
Estreantes no percurso de 750 quilômetros no interior do Estado, os nomes Helen Davey e Samantha Jones, da Austrália, Damyan Serovic, da Guatemala, e James Altman, dos Estados Unidos, não são de novatos quando o assunto é desafios equestres pelo mundo. Os quatro já participaram de competições como a Mongol Derby, na Mongólia, prova de 1 mil quilômetros, e a Race The Wild Coast, na África do Sul, corrida que precisa nadar no mar com o cavalo.
Mesmo com toda essa experiência, na marcha os participantes têm encontrado dificuldades, conta Adriana Neves, da Paranoia Team, responsável pela vinda dos estrangeiros:
— A gente acha que essa prova é um “mamão com mel” (se comparado com outras competições), mas não está sendo. O clima é o que mais tem pesado. Temos as quatro estações do ano durante a marcha.
Para Damyan Serovic, da Guatemala, o que mais chamou a sua atenção na prova até agora foi a quantidade de cavalos para cada competidor na marcha: apenas um.
— Eu gosto muito de desafios e a verdade é que creio que é a corrida mais larga do mundo com um cavalo. O surpreendente é que o cavalo está unicamente comendo pasto e tomando água. Me chamou muito a atenção, não conhecia cavalos que conseguiam isso — diz, comparando com outras provas que, segundo ele, tem percursos menores e utilizam mais animais.
A ideia de trazer estrangeiros surgiu em 2019, quando a estadunidense Krystal Kelly descobriu a competição e procurou Adriana para participar. Na época, como as inscrições já haviam encerrado, ela participou sem competir. No ano passado, a canadense Sarah Anne Cuthbertson acabou sendo a primeira estrangeira a participar da Marcha de Resistência, alcançando a segunda colocação na categoria Castrados, com o cavalo Almirante da Reserva do Jaguél.
Na época, Adriana conta que recebeu com surpresa o interesse de estrangeiros em participar da prova:
— Não sabia que chamaria tanta atenção assim. E aí pensamos que talvez mais pessoas quisessem participar e fomos atrás.
Além dos quatro, que são de países que não fazem parte da Federação Internacional de Criadores de Cavalos Crioulos e utilizam cavalos da equipe Paranoia Team, mais 49 duplas de ginete e animal estão competindo. Entre os brasileiros, há também um uruguaio e outro argentino, nacionalidades que tradicionalmente competem a marcha.
A marcha, como o próprio nome já diz, é uma prova de resistência em que o cavalo e o ginete percorrem 750 quilômetros. O objetivo é “mostrar a resistência e a rusticidade da raça”, diz Fagner Almeida, executivo de comunicação e relações comerciais da ABCCC. Esta edição começou no dia 24 de junho e termina no dia 8 de julho.
Confira quem são os estrangeiros e os animais participantes:
- Helen Davey, da Austrália, com Almirante da Reserva do Jaguél
- Samantha Jones, também da Austrália, com Aguardente da Reserva do Jaguél
- Damyan Serovic, da Guatemala, com Lf Bolicheiro
- James Altman, dos Estados Unidos, com RFK Buena Sorte