Foi com foco na produção e com o propósito de levar tecnologia de ponta aos produtores que a Expodireto-Cotrijal surgiu. O evento transformou não só a pequena Não-Me-Toque, cidade do norte do Estado, hoje com 17,18 mil habitantes, mas também a produção agrícola do Estado.
Mas o alcance do que é propagado no parque às margens da RS-142, onde ocorre a feira, vai bem além das lavouras. Ao longo de 20 edições, o evento foi palco de momentos marcantes da vida política do Estado e do país.
Como o da edição de 2003, quando produtores deixaram o medo de lado e realizaram um tratoraço na rodovia em defesa da liberação e da regularização dos transgênicos (veja na foto acima). O ato foi um marco, porque fez com que agricultores assumissem publicamente a defesa do cultivo do grão geneticamente modificado que, apesar de já estar semeado nas lavouras gaúchas, ainda era alvo de polêmica na sociedade e de discussão no terreno da legislação — naquele ano, foi autorizado, por medida provisória, o plantio da soja com a biotecnologia. A normatização do uso viria dois anos mais tarde, com a Lei da Biossegurança em 2005.
A mobilização em Não-Me-Toque ecoou no país inteiro e deu visibilidade à posição consolidada no setor produtivo. Na época, adesivos onde se lia a frase “100% transgênico” já circulavam pelo município do Rio Grande do Sul. Na feira, o agricultor reforçou a defesa pelo acesso à novidade tecnológica que ajudaria o mundo a alcançar novos patamares produtivos.
Não por acaso, o evento passou a estar na mira de políticos, que baixam em peso na cerimônia de abertura da Expodireto-Cotrijal. A única conquista que os organizadores ainda tentam obter é a da presença do presidente da República. Em 2014, Michel Temer veio ao Estado, na condição de chefe do Executivo em exercício. Não é exatamente a mesma coisa. Quem sabe na 21ª edição, já que nesta, o representante maior do governo federal será o vice-presidente, Hamilton Mourão.