
Aos 90 anos e em um ciclo de investimentos de R$ 1,5 bilhão, o Grupo Zaffari aposta em atacarejos, mas segue abrindo supermercados. A rede é maior gaúcha em ranking nacional do setor. Nesta semana, a empresa inaugura o Cestto Protásio, construído com R$ 122 milhões. Confira abaixo trechos da entrevista ao Gaúcha Atualidade, da Rádio Gaúcha, com o diretor Claudio Luiz Zaffari. Ouça a íntegra no final da coluna.
Seguirá a aposta em atacarejos?
Sim. Neste ano, entregaremos mais dois, em Viamão e Taboão da Serra (SP).
Dilema do varejo de alimentos, como vocês decidem onde será um supermercado e onde será atacarejo?
Bela pergunta, que começa pela definição de cada. A partir de 3,5 mil m², é hipermercado. Quando tem limitação de 2,5 mil m², então coloca supermercado. Não tem como ser diferente. É o caso das lojas do Moinhos, da Nilópolis, do Belvedere. Agora, quando tem espaço livre, como em Gravataí ou na Protásio, pode ser atacado, que tem uma operação logística diferente.
O preço de atacarejo é menor do que no supermercado?
O cliente que compra em quantidade tem diminuição no preço. Para isso acontecer, temos que ter uma logística, um acerto com o fornecedor, um tamanho de loja.
O mesmo cliente vai nos dois?
Vai e toma a decisão por proximidade, facilidade, hábito, tempo... E nós disponibilizamos os dois. É interessante o cliente que diz "meu Zaffari", com domínio do espaço.
Leitores perguntam sempre previsões dos projetos...
Nossa ansiedade é tão grande quanto a dos clientes. O da Praia de Belas sairá, já teve a aprovação básica. O Zaffari do Moinhos Shopping deve inaugurar até final do ano. O Bourbon Carlos Gomes será concluído neste mês e entregue aos lojistas, com abertura ao público no segundo semestre. No Belvedere, já começamos obra e sai independentemente da destinação das torres, com entrega prevista para o final de 2026. Na Nilópolis (onde já foi Nacional e Febernati), obras estão em pleno andamento. Vamos requalificar a loja do Menino Deus.
Como vê forte entrada aqui de supermercados de Santa Catarina?
Entendo como natural. Há 30 anos, tínhamos cinco redes familiares. Real, Zottis, Dosul e Econômico sumiram. É uma renovação. Santa Catarina, que é um Estado pujante, olhou para o Rio Grande do Sul e está vindo, como São Paulo e Paraná poderiam. Assim como nós estamos em São Paulo. Faz parte do mercado.
Houve a polêmica da jornada de trabalho 10x1, adotada por outras redes mas o Zaffari foi alvo. A empresa mantém a escala?
Não. Era uma exceção regular e com acordo sindical. Depois desta situação, em comum acordo, reduzimos a maioria e estamos com outra formatação. Somos formadores de mão de obra, temos funcionários com mais de 20 anos de empresa. Ninguém é obrigado. Faltam pessoas para as vagas, a pessoa pode buscar o que tem interesse. Eu fazia reunião com meus chefes de açougue há 30 anos e dizia: "Gente, tem que escolher, passa o dia aqui e não gosta... Então vai embora, muda, faz outra coisa na vida."
No empreendimento do bairro Jardim Itu-Sabará, ouvintes reclamam da retirada de árvores da Mata Atlântica.
Vamos preservar mais do que tinha antes. Do loteamento de 500 mil m², 100 mil m² serão preservados. Passamos 15 anos fazendo estudos do ecossistema. As quadras residenciais também terão vegetação. Estamos fazendo supressão controlada e passando à prefeitura 126 mil m² em matrícula com definição de servidão perpétua de área verde na Ilha das Flores. Compramos e entregamos.
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Coluna Giane Guerra (giane.guerra@rdgaucha.com.br)
Com Guilherme Jacques (guilherme.jacques@rdgaucha.com.br) e Diogo Duarte (diogo.duarte@zerohora.com.br)
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