A bolsa de valores abriu em alta e o dólar em queda depois de semanas no movimento contrário. O tom deste "bom humor" é dado pela decisão e pelas sinalizações do Comitê de Política Monetária do Banco Central (Copom).
Primeiro, a própria manutenção da taxa de juro Selic em 10,5% ao ano manteve a posição técnica da política monetária apesar da forte pressão pública do presidente Lula para que houvesse mais cortes. O cenário é de incerteza quanto à situação fiscal do Brasil e o juro dos Estados Unidos não deve baixar tão cedo, fatores que pressionam a inflação por aqui, exigindo cautela do Banco Central. Se afrouxar a Selic, dólar sobe mais e, por consequência, os preços também.
A decisão ter sido unânime foi o maior recado, pois mesmo quem foi indicado pelo governo votou por não reduzir juro. É o caso do diretor Gabriel Galípolo, ex-secretário do Ministério da Fazenda de Lula, que "votou com" o criticado Roberto Campos Neto, atual presidente do Banco Central.
Para fechar, o Banco Central sinalizou que a taxa de juro neste patamar está "ok" para controlar a inflação neste cenário. Isso afasta algumas previsões que já apostavam em alta da Selic, o que contrairia mais a economia.
Em tempo, a taxa segue alta. Setores econômicos, como a construção civil, contavam com um juro de um dígito ainda em 2024 para reativarem negócios. Isso não vai ocorrer. O cenário mudou.
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Coluna Giane Guerra (giane.guerra@rdgaucha.com.br)
Com Guilherme Jacques (guilherme.jacques@rdgaucha.com.br) e Guilherme Gonçalves (guilherme.goncalves@zerohora.com.br)
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