Após alguns meses de recuo - depois da correria dos consumidores no final do ano passado para garantir o subsídio máximo -, o setor de energia fotovoltaica inicia a retomada, garantiu a coordenadora estadual da Associação Brasileira de Energia Solar (Absolar), Mara Schwengber em entrevista ao programa Acerto de Contas, da Rádio Gaúcha. Segundo ela, o que tem ajudado na venda dos sistemas é a queda no preço dos equipamentos.
- O cenário começou a mudar em abril. Não nos mesmos números de 2022, mas entendemos que o crescimento exponencial que tivemos até lá não vai acontecer no mesmo volume. Comparado com ano passado, o preço dos equipamentos caiu em torno de 15% - diz, acrescentando que uma redução do juro ajudará a baratear os financiamentos.
O que está ajudando a baratear os sistemas é a redução do dólar, mas Mara também atribui a uma queda do “preço China”, de onde é importada a maior parte dos equipamentos. Houve redução do frete internacional ao preço do silício, que é uma das matérias-primas.
- Com isso, mesmo com a mudança regulatória, se analisarmos o tempo de retorno do investimento, está praticamente igual ao que era antes de 7 de janeiro (quando começou a volta progressiva da taxa para uso da rede elétrica).
No cálculo da Absolar, o primeiro trimestre de 2023 teve 40% menos demanda por novos projetos do que no mesmo período do ano passado. Ainda assim, claro, os números de conexão seguem crescendo. São 694.774, frente aos 371.864 do início de 2022. Importante observar que há reclamações de sistemas não entregues a consumidores. Nem todas as empresas do setor se prepararam financeiramente para suportar a queda brusca nas vendas na largada de 2023.
De olho nas baterias
O próximo passo do mercado de energia solar é o debate sobre armazenar a energia gerada a mais pelo consumidor. No evento no qual esteve recentemente na China, a coordenadora da Absolar, Mara Schwengber, notou aumento grande na quantidade de fornecedores com foco nas baterias, o que tende a reduzir o preço.
- Não apenas de uso doméstico, mas também de uso comercial e industrial, de larga escala. A queda durante 2023 e 2024 fará com que consigamos, de fato, trazer para o mercado com um preço mais acessível - projeta.
Os modelos atuais para residência custam a partir de R$ 40 mil. A ideia é que o preço caia pela metade. Porém, há, no Brasil, a necessidade de regulamentação.
- Hoje não posso instalar bateria na residência junto com inversor conectado da rede, porque não há regulação - explica.
Ouça a entrevista no programa Acerto de Contas, da Rádio Gaúcha:
Assista à entrevista na íntegra com a coordenadora da Absolar, Mara Schwengber:
Coluna Giane Guerra (giane.guerra@rdgaucha.com.br)
Equipe: Daniel Giussani (daniel.giussani@zerohora.com.br) e Guilherme Gonçalves (guilherme.goncalves@zerohora.com.br)
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