A inflação da saúde disparou, assim como o uso do sistema pelos clientes das operadoras e hospitais privados. A conta está difícil de fechar. A coluna aproveitou para perguntar sobre o assunto na entrevista do Gaúcha Atualidade, da Rádio Gaúcha, com o presidente da Associação Nacional de Hospitais Privados (Anahp), Antônio Britto (sim, o ex-governador). Sobre o piso da enfermagem, para que seja factível pagá-lo, ele sugeriu que o setor entrasse no grupo dos 17 que têm desoneração da folha de pagamento. Leia outros trechos da entrevista abaixo e ouça a íntegra no final da coluna.
Como operadoras de saúde podem fechar a conta sem aumentar tanto o plano e perder usuários?
A saúde está ficando impagável no mundo todo. Se estivéssemos nos Estados Unidos, a conversa não seria muito diferente. No caso brasileiro, estamos com uma bomba. A população envelhece e está adoecendo mais do que deveria, porque não prevenimos e não promovemos saúde. A conta está ficando impagável. Alguns países resolvem botando imposto em cima. Não é a saída brasileira. Já se paga imposto demais. Só vejo uma saída, com efeito no médio prazo, que é reduzirmos a doença. O que é isso? É reduzir obesidade e sedentarismo, aumentar a vacinação. Os planos estão cada vez mais caros. As empresas escolhem planos mais baratos, que não resolvem, porque não dão hospital. É preciso reformar o sistema de saúde. O SUS está sem dinheiro e os hospitais privados estão recebendo cada vez menos em função das dificuldades dos planos. Não é uma crise qualquer.
Como hospitais e operadoras de saúde podem mudar da medicina da doença para a preventiva e provocar a mudança nos pacientes? Quais oportunidades de negócios surgem?
Grandes hospitais estão instalando clínicas fora para atendimentos menores. Quando tu entras em um grande hospital, tens que pagar o custo muito mais elevado. Uma pequena cirurgia e exames podem ser feitos fora do hospital. Os mesmos hospitais fechando acordos com empresas para cuidar de saúde preventiva dos funcionários é outro negócio. Ainda, a ideia é que os próprios hospitais tenham planos de saúde ou que planos de saúde tenham hospitais, o que é muito comum nos Estados Unidos. Acho que o caminho é esse. Os hospitais vão se multiplicar em serviços que se espalham pelas cidades, como está acontecendo em São Paulo, mas se guardam para média e alta complexidade, como um grande lugar de ensino de pesquisa.
Ouça a entrevista na íntegra:
Coluna Giane Guerra (giane.guerra@rdgaucha.com.br)
Equipe: Daniel Giussani (daniel.giussani@zerohora.com.br) e Guilherme Gonçalves (guilherme.goncalves@zerohora.com.br)
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