As recentes notícias da mutação de coronavírus assustaram e até provocaram queda nas bolsas de valores. Os investidores ficaram com medo de que as variantes afetassem a eficácia das vacinas e, por consequência, a retomada econômica. Por conta disso, o programa Acerto de Contas (domingo, às 6h, na Rádio Gaúcha), perguntou ao presidente da Sociedade Brasileira de Virologia e professor da Feevale Fernando Spilki se essa mutação preocupa. Ele também participa de um grupo que estuda a covid-19 pelo Ministério das Ciências e coordena a parte brasileira de estudos internacionais sobre o comportamento do coronavírus. Veja a resposta:
"Preocupa como todas variantes preocupam. Não que achemos que vá chegar um super vírus que seja mais letal, mas, sim, pela situação de um vírus que parece que se dissemina mais. Precisa ter muita cautela para afirmar isso, porque, por vezes, a base é o que está sendo alegado pelo governo inglês, de que mesmo com todas as medidas restritivas, o vírus estava se disseminando. Aí, é preciso valorar essas medidas restritivas. A medida é restritiva, mas o metrô está funcionando com 25%, 30%, 40% da capacidade.
Mas, sim, parece que ela tem um potencial de disseminação mais alto, o que não é novidade. Já convivemos com amostras com disseminação mais alta há tempos. A predominância das linhagens, por exemplo, no Brasil, nos Estados Unidos e em toda Europa é de amostras com potencial de disseminação mais alto.
No médio prazo, temos que avaliar em que medida nós teremos ou não problemas com as vacinas, principalmente as que usam só um pedaço do vírus, que são a maioria, com exceção da Coronavac. Como é a pressão de seleção que vai acontecer ao longo do tempo com vacinação? Vai permitir ou não o surgimento de novas variantes para quais a vacina confira uma imunidade mais limitada? Mas isso é uma coisa que temos que investigar, continuar monitorando e, definitivamente, não é algo que traga preocupação no curtíssimo prazo. É algo que precisamos avaliar se vai acontecer após a vacinação em massa."
E sobre as variantes aparecerem em outros locais além do Reino Unido, de onde veio o susto inicial da semana passada, Spilki fala:
"O vírus de fato tem um poder de disseminação maior ao que tudo indica, mas essas variantes estão aparecendo e se disseminando porque as medidas adotadas nesta segunda onda têm sido mais brandas. Se não houver um controle mais efetivo em todos os lugares vamos ver o aparecimento mais constante de novas variantes, estamos facilitando o caminho para o vírus."
Ouça a resposta completa de Spilki para o programa Acerto de Contas (domingos, às 6h, na Rádio Gaúcha):
A nova cepa do coronavírus é "entre 50% e 74%" mais contagiosa, afirmou um estudo médico divulgado nesta quinta-feira (24), que alerta sobre as consequências da variante na mortalidade no Reino Unido. Vale ressaltar, porém, que a Organização Mundial da Saúde (OMS) já afirmou que não há indícios que a variante cause doença mais severa. Veja também em GZH: Mutações do coronavírus como as de Reino Unido e Rio de Janeiro são descobertas comuns, afirmam especialistas
Colunista Giane Guerra (giane.guerra@rdgaucha.com.br)
Colaborou Daniel Giussani (daniel.giussani@zerohora.com.br)
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