A partir desta segunda-feira (3), toda a gasolina produzida e importada no país terá que seguir novas especificações da Agência Nacional do Petróleo, Gás e Biocombustíveis (ANP) que melhoram o rendimento dos veículos. Publicada em janeiro deste ano, a resolução dá ainda prazo adicional de 60 dias para as distribuidoras e de 90 dias para os revendedores se adequarem, permitindo o escoamento dos estoques do combustível antigo.
A expectativa, porém, é que a melhoria da qualidade tenha impacto no preço do combustível. Mas não necessariamente na bomba para o consumidor. A coluna, então, traz aqui respostas às três principais dúvidas do consumidor sobre essa mudança:
1 - A nova gasolina já chegou?
Já chegou a alguns postos, sim. A Petrobras começou a produzir o combustível com as novas especificações ainda em junho. Segundo o químico industrial Marcelo Gauto, a nova gasolina passou a ser entregue nas refinarias há algumas semanas. No entanto, ainda há estoques de gasolina "velha" nas distribuidoras e postos de combustível.
2 - O preço subirá para o consumidor?
O preço final na bomba depende de diversos fatores. Segundo o químico Marcelo Gauto, quando chegou a nova gasolina, o valor não subiu. Aliás, houve até uma redução de 4% aplicada pela Petrobras na última sexta-feira (31) acompanhando a cotação do petróleo no mercado internacional e tem espaço para cair mais 6,5% nesta semana, segundo o economista João Fernandes, da Quantitas Asset. Ela e o câmbio são muito mais relevantes para influenciar o preço ao consumidor. Por outro lado, houve elevação no preço de pauta para recolhimento do ICMS no Rio Grande do Sul, reflexo ainda de aumentos anteriores na bomba. É difícil, portanto, identificar que eventual variação no preço ao consumidor neste momento seja motivada pela gasolina mais moderna. Para fechar, ainda há a estratégia de formação de preço, considerando a concorrência. Neste momento, é importante considerar que a crise provocada pela pandemia também diminui consumo e aumento de preços afasta mais ainda o consumidor. Apesar dessas considerações, o químico industrial Marcelo Gauto diz que o setor fala em aumento de sete a oito centavos no litro da gasolina importada pela nova especificação, antes de acrescentar o etanol.
3 - A nova gasolina rende mais no motor do carro mesmo?
Esse foi o argumento da Petrobras para sinalizar que um eventual aumento de preço não teria impacto significativo no bolso do consumidor. Ou seja, o veículo rodaria mais com menos gasolina. Professor do Senai e doutorando no Laboratório de Motores e Combustíveis Alternativos da PUCRS, Anderson Antunes de Paulo explica que o rendimento deve ser entre 3% a 5% maior, o que é pequeno e acredita que dificilmente o consumidor irá perceber. Essa variação de rendimento já acontece, por exemplo, quando o motorista pega um engarrafamento ou sai atrasado e pisa no acelerador, diz o engenheiro. Para ele, um benefício da mudança, por exemplo, é identificar com mais facilidade postos que vendem combustível adulterado. Cita ainda a ajuda às fabricantes para que ajustem melhor os motores e geram uma emissão menor de poluentes, com veículos mais econômicos a partir de 2022.
Colunista Giane Guerra (giane.guerra@rdgaucha.com.br)
Colaborou Daniel Giussani (daniel.giussani@zerohora.com.br)
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