Seis meses após a polêmica sobre uma possível taxação da energia solar, o que acontece é o contrário. O governo brasileiro zerou impostos para compra de equipamentos de energia solar do exterior até o final de 2021. A decisão foi publicada no Diário Oficial da União e destacada pelo presidente Jair Bolsonaro nas redes sociais. Aliás, ele que tinha afastado no início do ano a redução de benefícios dizendo que "taxar o sol é um deboche".
A medida compensa a desvalorização do real frente ao dólar, que encarecia a importação dos equipamentos. Atualmente, o imposto de importação de módulos fotovoltaicos e inversores varia de 12% a 14%. A maior parte é comprada da China. No país, há poucos fabricantes e, claro, perderão mais competitividade com a medida.
A microgeração de energia solar cresce de forma acelerada no Rio Grande do Sul. No ano passado, novamente triplicou. Segundo a Agência Nacional de Energia Elétrica (Aneel), já são mais de 36 mil pontos que geram energia, sendo 16 mil a mais do que no início de 2020. São chamados de "usinas" pela agência reguladora. No país, o mercado gaúcho fica atrás apenas de Minas Gerais e São Paulo.
A medida tende a fazer o mercado crescer mais. Além disso, há o juro reduzido que estimula o financiamento e tira a rentabilidade de aplicações financeiras, o peso da conta de luz nas despesas e, claro, o apelo ambiental da energia fotovoltaica, considerada limpa e renovável. Nos últimos anos, o avanço tecnológico também tem deixado os equipamentos mais baratos.
Sócio da Ecosul Energias Renováveis, de Nova Petrópolis, Alan Spier já bateu recorde de faturamento em julho e o mês ainda nem terminou. Vendeu 172% do que no mesmo período do ano passado e acredita que baterá um avanço de 220%.
- O nosso mercado deu uma travada em março, abril e maio, mas depois se recuperou. O mês de julho veio com tudo. Alguns negócios que estavam em andamento nos primeiros meses da pandemia se concretizaram agora. Tem também a questão da Selic (taxa básica de juro da economia), que está fazendo alguns clientes tirarem dinheiro de aplicações para investir em energia solar - diz o empresário, referindo-se aos juros baixos da nova realidade brasileira.
Para aproveitar a boa maré para a energia solar, Spier também aumentou a equipe comercial, investiu mais em propaganda e estoque próprio, o que poucos concorrentes têm.
- Nosso marketing está batendo forte nessa questão do retorno financeiro. Escuto de alguns clientes que investir em energia solar não é mais questão de escolha e sim de necessidade. As taxas de financiamento estão cada vez mais baixas e a conta de luz cada vez mais cara - acrescenta.
Se o crescimento nas vendas continuar, a Ecosul terá que aumentar a equipe de instalação. Outra diferença é que a empresa está começando a importar de forma direta os insumos, sem intermediários.
Colunista Giane Guerra (giane.guerra@rdgaucha.com.br)
Colaborou Daniel Giussani (daniel.giussani@zerohora.com.br)
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