Tem um empresário que captou o recado do governador Eduardo Leite e está espraindo já. É o presidente da Associação Gaúcha para Desenvolvimento do Varejo (AGV), Sérgio Galbinski, que participou da reunião chamada às pressas à tarde passada e acompanhou a transmissão desta quinta-feira (11), quando foram anunciadas medidas mais rígidas do modelo de distanciamento para conter o coronavírus.
Não que ele não esteja preocupado com um retrocesso e um novo fechamento das atividades econômica, mas Galbinski resolveu se engajar no apelo-barra-aviso-barra-susto. Mas em vez de gastar o tempo reclamando, está mandando mensagens para lojistas de todo o Rio Grande do Sul. Recados pessoais e longe de serem protocolares para cair na caixa de spam do e-mail, solicitando o engajamento nessa batalha.
"Bom dia! O contágio aumentou! O Governador pediu para as entidades alertarem seus filiados a seguirem os protocolos de higiene e restrições para evitar o aumento do contágio e consequente elevação de bandeiras para as mais graves.", diz o presidente da AGV em uma das mensagens.
Captou, inclusive, a função social dos empresários em provocar o entendimento naquele consumidor que ainda não captou o que está acontecendo, parece:
"Temos também de pedir a colaboração da população pois não estamos voltando à normalidade. Ainda estamos em estado de epidemia e as atividades econômicas estão funcionando por que o contágio estava baixo.", pede Galbinski.
Já para a coluna, ele mandou uma mensagem dizendo que empresários e população precisam ser parceiros. Ou seja, entendeu a fala de Leite na transmissão chamando para a conscientização empreendedores que "querem continuar empreendendo" no Rio Grande do Sul. E depois estendendo o pedido para toda a sociedade.
Lembrei de uma entrevista lá em março ainda com José Galló, presidente do Conselho de Administração da Lojas Renner, em que falava do papel das entidades empresariais. Para ele, as instituição tinham que pedir menos e entrar em campo se engajando e propondo soluções. Demorou um pouco, mas várias se deram conta no decorrer da situação.
Não quero nem pensar no estrago de uma economia que abre e fecha. Na melhor das hipóteses, o empresário que tem suas economias vai fechar a empresa e ficará em casa assistindo Netflix até tudo passada. Enquanto isso, empregos se vão. E aqueles que não têm o pé de meia?
Agora, não é hora de discutir o que é papel de quem. Todos devem fazer o que podem. Os empresários podem aproveitar o privilégio do conhecimento e acesso às informações para provocar a população a respeitar os cuidados. Se não temos capacidade de eliminar a covid-19 como a Nova Zelândia fez, precisamos, ao menos, ganhar tempo até termos a vacina.
Até lá, a sociedade precisa priorizar a exposição. Ela vai ocorrer, mas que seja para as pessoas trabalharem, movimentarem a economia, manter os empregos e a renda das suas famílias e dos outros. O mate compartilhado e a cervejada com os amigos podem esperar mais alguns meses. O seu happy hour pode estar me deixando ainda mais tempo longe dos meus pais.
Colunista Giane Guerra (giane.guerra@rdgaucha.com.br)
Colaborou Daniel Giussani (daniel.giussani@zerohora.com.br)
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