Depois das lojas de rua, agora as operações nos shoppings e em centros comerciais do Rio Grande do Sul também poderão permitir que os clientes usem os provadores de roupa. A nova portaria estadual já está publicada e em vigor. Era um anseio grande do varejo, que enfrentava dificuldades para vender itens de vestuário sem que o consumidor pudesse experimentar.
Por outro lado, autoridades temem o contágio do coronavírus por meio das peças roupas e calçados, já que estudos apontam que ele é bastante resistente. Com isso, a flexibilização ocorreu, mas devem ser seguidas algumas medidas especificadas no próprio texto. Confira:
- Higienizar os provadores com álcool 70% ou outro desinfetante indicado após cada uso, e, se houver, a cortina deve ser limpa com vapor e seca.
- Controlar o acesso para evitar aglomeração e manter o distanciamento, além de garantir o tempo da higienização.
- Disponibilizar álcool gel 70% ou outros produtos de limpeza para clientes higienizarem as mãos antes e depois de provar calçados.
- Orientar os clientes a ficarem com a máscara o tempo todo em que experimentarem roupas e acessórios.
- Proibir a prova de peças que entrem em contato com o rosto, como camisetas e blusas.
- Higienizar as roupas após a prova ou devolução pelo cliente, no caso de uma troca. A portaria sugere o uso de passadeira a vapor, dispositivo ultravioleta ou, então, colocar o produto em quarentena por um período de 48h a 72h. Calçados devem ficar expostos ao ar e não podem ser colocados de volta na caixa imediatamente.
Ainda conforme o texto, as lojas devem colocar nos locais cartazes informando os clientes sobre as medidas. Até porque o consumidor tem responsabilidade também para que todas as exigências sejam cumpridas, evitando um avanço do coronavírus que venha a fazer os governos retrocederem nas flexibilizações para atividades econômicas.
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Coordenador regional da Associação Brasileira de Shopping Centers (Abrasce), Eduardo Oltramari, relatou em Live de GaúchaZH que a dificuldade de fechar a venda sem a possibilidade de experimentar fazia com que lojas de calçados e vestuário estivessem entre as grandes preocupações na retomada. Segundo o presidente da Associação Gaúcha para Desenvolvimento do Varejo (AGV), Sérgio Galbinski, lojas de confecções representam 30% do setor no Rio Grande do Sul, ou seja, cerca de 100 mil lojas.
A portaria vem uma semana antes do Dia dos Namorados, primeira data de vendas após a abertura mais ampla do comércio em Porto Alegre. Aliás, as lojas da Capital poderão abrir com funcionários na próxima quinta-feira (11), véspera da data e feriado de Corpus Christi. Segundo o presidente do Sindicato dos Lojistas (Sindilojas POA), Paulo Kruse, foi fechado um acordo extra para um alcance mais amplo, após negociação com o Sindicato dos Empregados no Comércio (Sindec).
E sobre as trocas de mercadorias
Mas até mesmo as trocas exigem cuidado. Lembre-se que o coronavírus é bastante resistente. Sobre o assunto, a coluna pediu orientações de Fernando Spilki, presidente da Sociedade Brasileira de Virologia (SBV).:
- O ideal seria que as roupas fossem lavadas porque isso tem uma boa eficácia contra vírus respiratórios. Mas entendo que é complicado pela apresentação da peça. Então, talvez o mais adequado seria o "repouso" do item. Segundo estudos preliminares, o vírus dura até 24h em tecidos. Em outros materiais, pode chegar a um extremo de 72h ou mais. A loja poderia deixar a roupa parada quatro dias e recomendar a lavagem antes do uso a quem comprar. Não são as vias mais normais de contaminação. Pega-se o coronavírus com muito mais frequência diretamente de outra pessoa, mas todo cuidado é pouco em virtude da virulência, da patogenicidade, da morbidade e da mortalidade desse vírus.
Colunista Giane Guerra (giane.guerra@rdgaucha.com.br)
Colaborou Daniel Giussani (daniel.giussani@zerohora.com.br)
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