Quando o dólar comercial bateu R$ 4,40 nesta sexta-feira (21) pela manhã, a coluna disparou o alerta para as listas de transmissão do WhatsApp. Passou então a receber manifestações de preocupação com a escalada da moeda. Como a coluna já tinha avisado, o dólar alto não é bom para todo mundo, como disse o ministro da Economia, Paulo Guedes. Claro que eventuais exportações - e que não são também importadores - podem até comemorar, mas também precisam considerar que o poder de compra dos consumidores brasileiros é impactado por outro lado. Lembrando que, no orçamento doméstico, o dinheiro que vai para pagar mais pelo alimento deixa de ir para comprar um calçado, por exemplo. Mas, por enquanto, a coluna ainda não ouviu comemoração com o câmbio vindo de alguma fonte.
Vice-presidente do Sindicato das Panificadoras do Rio Grande do Sul (Sindipan-RS), Arildo Bennech Oliveira foi um dos que mandou uma mensagem dizendo: "Está terrível!". O trigo que usamos para fazer pães, bolos, massas e biscoitos é importado. Os moinhos, que fazem a farinha, já anunciaram novo aumento para março, que vai de 10% a 15%, diz o executivo. E muito do grão vem da Argentina, onde os produtores estão evitando vender agora apostando em novas altas do dólar.
— Se tem trigo na mão, tem dólar. Se vende, tem peso. Então, estão esperando para vender depois — diz Oliveira.
Vice-presidente de Relações Externas da Associação Brasileira de Agência de Viagens no Rio Grande do Sul (Abav-RS), João Augusto Machado até brincou que era para a colunista parar de falar no ar na Rádio Gaúcha para as pessoas não viajarem. Na verdade, a orientação é buscar destinos mais baratos, sejam países que estão "baratos" por uma eventual crise, sejam destinos nacionais. E mesmo dentro do Brasil, locais que recebem muitos estrangeiros estão mais caros, com a "inflação turística" elevando preços de produtos e serviços. Com o dólar em alta, o turista de fora vem com mais poder de compra.
— Tem cliente que não deixa de viajar porque tem condições financeiras. Mas outros estão mudando os destinos e adiando por algum tempo a ida para o exterior. As pessoas seguem, no entanto, viajando. Só estão revendo planos e economizando mais — comenta Machado.
Por fim, também recebeu relatos do presidente da Associação Gaúcha para Desenvolvimento do Varejo (AGV). Sérgio Galbinski observa que a escalada do dólar está mexendo no planejamento do lojista. Muitas peças de inverno são importadas e já estão no Brasil. Mas alguns importadores estavam aguardando o dólar baixar para trazer o produto e pagar os impostos. Nesses casos, os preços devem ser calculados com o valor do dólar mais alto.
— Há produtos que são importados todos os meses e as alterações dos preços vão acontecendo de forma contínua. Outros produtos, como vestuário, são importados em forma de coleções, de inverno, de verão, etc. Nesses casos, os preços ao consumidor terão um salto brusco, pois o dólar nesta época do ano passado estava em R$ 3,80 e agora está R$ 4,40, 16% maior.
Os empresários normalmente esperam o valor do dólar se estabilizar para recalcular valores de venda. Mas, quando ocorre um aumento frequente de longo prazo, como agora, se torna necessário o reajuste mesmo sem a estabilização em novo patamar.
— Os impostos das importações são calculados com o dólar do dia da "internacionalização". A mercadoria chega e não é necessário retirar da alfândega normal dia. Então, tinha gente esperando o dólar baixar para pagar o imposto com o dólar menor — detalhe o presidente da AGV.
Dono de uma loja de perfumes em Nova Petrópolis, na serra gaúcha, Gerson Holz recebeu nesta semana as novas tabelas de preços dos distribuidores. Em todos os casos, o aviso era de que a alta do dólar levou a um aumento médio de 6%, salvo raras exceções.
Seu Dinheiro Vale Mais
O dólar também foi pauta do Seu Dinheiro Vale Mais, programa semanal com dicas de finanças pessoais no Instagram de GaúchaZH. Confira:
Colunista Giane Guerra (giane.guerra@rdgaucha.com.br)
Colaborou Daniel Giussani (daniel.giussani@zerohora.com.br)
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