Tradicional fabricante de veículos e equipamentos agrícolas, a John Deere demitiu 150 funcionários da fábrica de Horizontina, no noroeste do Rio Grande do Sul. No local, são produzidas colheitadeiras de grãos e plantadeiras. O número de dispensas foi informado pelo Sindicato dos Metalúrgicos de Horizontina e Região.
Segundo a entidade, a empresa já havia anunciado recentemente que não manteria o segundo turno e que seria necessário demitir trabalhadores. O argumento era uma baixa na produção que estava prevista ainda para 2019. Depois desse anúncio, começou um programa de demissão voluntária, que teve a adesão de 30 pessoas. Agora, veio o anúncio do desligamento de um número maior de pessoas.
Procurada pela coluna Acerto de Contas, a John Deere enviou uma nota oficial. No texto, atribui a medida a ajustes no quadro de funcionários, alegando que a maioria tinha contrato por prazo determinado.
"A companhia informa que está realizando ajustes no quadro de funcionários de sua fábrica de Horizontina (RS), dos quais na sua maioria eram contratos por prazo determinado. Tais medidas se fizeram necessárias em razão de variações de mercado. O Sindicato dos Metalúrgicos de Horizontina foi comunicado e o processo está transcorrendo de forma transparente.
Com 180 anos de história e um legado de integridade, qualidade, comprometimento e inovação, a John Deere reafirma seus rígidos controles de ética e de como conduz seus negócios, garantindo assim os valores da marca e a confiança dos colaboradores, concessionários e clientes.", diz a nota da empresa na íntegra.
Ainda conforme o sindicato dos trabalhadores, foi realizada uma negociação antes das demissões. A entidade diz que ficou acordado que os funcionários dispensados seriam chamados novamente no caso de a empresa voltar a abrir empregos na fábrica de Horizontina.
Indústria do RS
Após um primeiro semestre de ótimas resultados, a indústria do Rio Grande do Sul perdeu fôlego. Em especial, o segmento de veículos automotores, reboques e carrocerias. Era exatamente ele que vinha provocando o crescimento dos indicadores, já que estava em um processo de recuperação após a crise economômica.
Entre as origens dos impactos mais fortes, está a crise da Argentina. O país é um dos principais destinos das exportações de máquinas e veículos fabricados no Rio Grande do Sul e tem reduzido as importações.
Um dos exemplos disso é até mesmo o layoff anunciado pela Gerdau para a fábrica de Charqueadas. Serão suspensos contratos de 100 trabalhadores por cinco meses para reduzir a produção. A unidade faz ações para a indústria automobilística, que ajustou produção pela queda nas encomendas argentinas. Saiba mais: Gerdau suspenderá contrato de funcionários por cinco meses em fábrica do RS
A Argentina também está com impactos na Marcopolo. Fabricante de ônibus da serra gaúcha, a empresa acumula queda de 22% nas exportações de janeiro a setembro de 2019, na comparação com o mesmo período do ano passado. Aos acionistas, justificou que a queda nas vendas para o mercado argentino é um dos principais motivos. Leia mais: Marcopolo atribui exportação "modesta" à queda na venda para os principais mercados da fabricante
Para fechar, mais um exemplo e do segmento agrícola. A AGCO dispensou 40 trabalhadores da área de produção e depois mais cerca de dez funcionários do setor administrativo da unidade de Canoas, na região metropolitana de Porto Alegre. A informação, recebida pela coluna Acerto de Contas, foi confirmada pelo presidente do Sindicato dos Metalúrgicos de Canoas, Paulo Chitolina. Saiba mais: Com demissões, indústria de tratores faz ajustes na fábrica de Canoas
Colunista Giane Guerra (giane.guerra@rdgaucha.com.br)
Colaborou Daniel Giussani (daniel.giussani@zerohora.com.br)
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