Não é preciso ser nenhum Einstein para viajar na relatividade e deixar-se soltar – ou ser aprisionado – pelo minueto que tempo e espaço bailam todas as horas, numa dança que é ao mesmo tempo sedução e duelo. Que o tempo da pandemia escoou ainda mais esquisito, disso ninguém dúvida. Eu só não imaginava que, após um semestre trancado em casa, fosse deparar com tantas e tamanhas transformações no espaço tão logo enfiasse a cabeça para fora da toca. Mas o fato é que, enquanto boa parte de nós se mantinha em reclusão, as construtoras X, Y e Z – sem falar, é claro, na construtora W – se puseram em marcha, destruindo tal quantidade de casarões no velho Moinhos de Vento, na nova Bela Vista e no Mont’ Serrat que já não podem ser contados nos dedos das mãos. E não basta trocar os pés pelas mãos: é preciso usar os quatro e ainda pedir ajuda aos universitários.
Casas ancestrais
Tempo perdido e espaço em ruínas
Ao contrário de tanta gente, grandes construtoras não perderam tempo na pandemia e derrubaram muitos casarões
Eduardo Bueno