Faz um bom tempo, lá pelo final dos anos 1970, dei de cara, no sótão da casa de um amigo, com um mapa de Porto Alegre. Era aquela tradicional planta da cidade, editada pela Livraria do Globo, tão comum nas paredes de imobiliárias e repartições da Capital, séculos antes do Google Maps delegá-las à lata de lixo da História. Mas o caso é que aquele mapa era de 1937. E o que mais me chamou a atenção – além dos bosques e capões de mata expandindo-se muito além da Zona Sul, entremeados por entre as colinas e baixadas do Mont'Serrat, da Bela Vista e bem... do bairro Floresta – foi a quantidade de veias azuis que se alastravam pelo mapa: eram córregos, riachos e arroios, uma espécie de sistema circulatório da cidade.
Enxurrada
Assim como em Belo Horizonte, um dia nossos rios voltarão para recuperar o espaço que era deles
Como quase todas cidades do Brasil – e do mundo –, Porto Alegre está onde está só por causa das águas que a cercam
Eduardo Bueno