Em sua desconsolada tentativa de evitar a morte supostamente anunciada, os jornais, rádios e TVs do mundo inteiro decidiram, faz já um tempo, dar "voz" àqueles que, presumivelmente, são seus consumidores. Foi assim que leitores passaram a escrever, ouvintes a falar e telespectadores a aparecer, em geral sem mostrar a cara. Então, ali está você vendo TV e eis que espouca o tweet: "Olha eu aquiii, curtiiiindo esse shouzasso (sic) no sofá e aparecendo na telinha!!!!". Ou então, ouve um jogo tenso de seu time quando o microfone é aberto para um torcedor tecer platitudes ordinárias – em tom loquaz. No estádio ou num bar. Na velha seção de cartas do leitor, oásis no cipoal das prescindibilidades, ainda se pode escutar o eco eventual de uma voz pertinente ou, ao menos, dissonante. Mas experimente conferir os comentários nas páginas eletrônicas dos jornais – incluindo este em suas mãos (ou em sua tela).
Crônica
Questão de opinião
Quem decidiu que aquilo que pensam alguns telespectadores interessa a todos?
Eduardo Bueno