A vitória por 3 a 1 do Inter contra o Botafogo teve um gol anulado que causou muita polêmica. O time colorado vencia a partida por 1 a 0 quando o lance ocorreu. Enner Valencia entrou na área, fez o toque para tentar o drible, a zaga tentou cortar e a bola sobrou para Alan Patrick marcar. A assistente Fifa Neuza Inês Back levantou a bandeira no campo por impedimento do camisa 10 e o VAR confirmou a marcação.
Afinal, como pode um gol ser anulado por impedimento se a bola veio de um jogador do time adversário? Esse foi o principal questionamento que recebi nas redes sociais sobre a jogada ocorrida no jogo da última rodada do Brasileirão no Beira-Rio.
A grande questão é que houve uma mudança recente na regra 11 que tem como objetivo esclarecer justamente esse tipo de infração e que acaba alterando a percepção que tínhamos sobre lances como esse até o ano passado.
A IFAB, entidade que regulamenta as regras do futebol, divulgou alterações nas regras do futebol para 2023 e 2024 e o trecho que diz respeito ao impedimento diz o seguinte:
"Não se considerará que um jogador em posição de impedimento obteve vantagem quando receber a bola de um adversário que tocou deliberadamente* nela, incluindo com um toque de mão deliberado, a menos de que se trate de uma defesa deliberada do adversário."
Em outras palavras, o que isso quer dizer? Essa mudança basicamente visa explicar o que nós devemos entender como toque deliberado e o que devemos considerar como desvio ou ação que não ativa uma nova origem de jogada para um jogador atacante. Por isso, a explicação para deliberadamente, que está indicada com um asterisco no texto acima, diz o seguinte:
"*Um “toque deliberado na bola” (à exceção do toque de mão deliberado na bola) ocorre quando um jogador tem o controle da bola e a possibilidade de:
- passar a bola para um companheiro de equipe;
- obter a posse da bola; ou
- afastar a bola (por exemplo, chutando-a ou cabeceando-a).
Se o passe, a tentativa de obter a posse da bola ou o movimento para afastá-la por parte do jogador que tem o controle da bola for impreciso ou malsucedido, isso não anula o fato de que esse jogador “tocou deliberadamente” na bola.
Os seguintes critérios devem ser utilizados, conforme apropriado, como indicadores de que um jogador tinha o controle da bola e, como resultado, pode ser considerado como tendo “tocado deliberadamente” nela:
- A bola percorreu certa distância e o jogador tinha uma visão clara dela;
- A bola não se movia com velocidade;
- A direção da bola era previsível;
- O jogador teve tempo para coordenar seu movimento corporal — isto é, não foi o caso de um salto ou uma extensão instintiva nem de um movimento que resultou em um contato ou controle limitado.
- Uma bola que se move no chão é tocada com mais facilidade do que uma bola que se move pelo ar."
A parte destacada do texto é a que explica a anulação do gol de Alan Patrick. No momento em que Enner Valencia toca na bola pela última vez, ele se torna a origem da jogada que vai parar em Alan Patrick. Afinal, o defensor do Botafogo não teve tempo para coordenar o movimento corporal e teve uma ação instintiva e sem controle da bola.
Por isso, o gol do Inter foi bem anulado em um acerto impressionante da assistente Neuza Inês Back, respaldado pelo VAR.