Em tempos bicudos, de polarização, opiniões definitivas e paciência curta, sempre é bom reforçar que uma das maiores contribuições do jornalismo é proporcionar o debate de ideias. Mesmo que em um primeiro momento a tendência seja ler e ouvir somente aquilo com que concordamos, ignorando o contraditório.
Há pouco mais de um mês, escrevi sobre o Com a Palavra, uma seção de entrevistas que justamente abre a oportunidade para a variedade de pensamentos. Hoje, destaco outro espaço, o Duas Visões, no caderno DOC, que coloca lado a lado opiniões destoantes sobre um mesmo tema.
O Duas Visões permite reunir ideias que, muitas vezes, podem ser complementares – caso dos artigos dos psicanalistas Edson Luiz André de Souza e Robson Freitas Pereira, que cogitam maneiras de a sociedade sair da pandemia – ou totalmente divergentes – como foram os textos do diplomata Paulo Roberto de Almeida e do editor do site Defesanet Nelson Düring sobre as relações Brasil-EUA no governo Bolsonaro, um com uma ótica diplomática, outro, militar.
O editor do DOC Daniel Feix ressalta que, muitas vezes, ao firmarmos juízos rapidamente, perdemos a chance de abrir nossos horizontes:
– Textos com argumentação sólida, pensada, que leva em conta as sutilezas da pauta em questão, nos dão a oportunidade de conhecer melhor outras visões que não as nossas. Isso não apenas enriquece o debate, que é um princípio que norteia a edição dessa seção, mas também nos ajuda a nos colocarmos no lugar dos outros, para entendê-los, para saber como se constituiu o seu olhar sobre as grandes questões.
Nesta edição, o Duas Visões aborda um tema que tem dividido gaúchos nas últimas décadas: as comemorações farroupilhas. Afinal, setembro é um mês para festejar o orgulho gaúcho ou para refletir além da idealização dos farrapos? Boa oportunidade para o leitor obter argumentos de ambos os lados e tirar suas próprias conclusões.
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E por falar em pluralidade de visões, um novo colunista estreia na edição de ZH deste fim de semana. O jornalista J.R. Guzzo passará a escrever aos finais de semana na página 2. Seus textos também poderão ser lidos em GZH.
Guzzo começou sua carreira como repórter em 1961, na Última Hora de São Paulo, teve passagem pelo Jornal da Tarde e foi diretor de redação da revista Veja durante 15 anos. Atuou também como correspondente em Paris e Nova York. Atualmente escreve para O Estado de S. Paulo e a Gazeta do Povo.
Aos nossos assinantes, o jornalista manda a seguinte mensagem:
– Quem não ficaria honrado em fazer parte da equipe de colaboradores da Zero Hora e da RBS? Espero estar à altura do que os leitores merecem. A ideia, como sempre, é tentar dizer as coisas como elas são.
Bem-vindo, Guzzo.