Eu estava em Santiago, no Chile, em abril do ano ano passado, comentando o jogo Grêmio pela Rádio Gaúcha. Creiam: foi uma atuação muito pior do que estas duas, contra Sport e Atlético-GO. Aquilo não era um time, e sim, uma geleia geral.
Uma atuação horrorosa diante da Universidad Católica, no Chile, fechando um ponto em três jogos na fase de grupos da Libertadores. Derrota de só 1 a 0 foi um milagre. Nos bastidores, a direção ficou enfurecida com a maneira como Luan se comportou naquela tarde/noite. No dia seguinte, já em Porto Alegre, entrevista de Renato e cirurgia no time.
Foi quando Luan virou reserva de Jean Pyerre para nunca mais tomar prumo. Também Matheus Henrique entrou definitivamente no meio-campo, que combinava Michel e Maicon como volantes. A partir daí, o Grêmio melhorou e foi buscar classificação com três vitórias seguidas, até cair diante do Flamengo.
Qual a diferença daquela atuação medonha, à beira da Cordilheira, para este momento ruim de agora? Lá havia estes dois nomes atropelando os outros, capazes de manter o Grêmio "no seu estilo", que é de posse de bola e movimentação: Jean Pyerre e Matheus Henrique.
Bastava eles entrarem no segundo tempo e se abria um clarão. Renato desistiu de Montoya pela direita nesta partida, igualmente, voltando em definitivo com Alisson e sua veia operária. Havia mais nitidez no que precisava ser feito. E agora, quem poderia ingressar e devolver a mecânica com a qual Renato sempre trabalhou no Grêmio, para além de Jean e Matheus?
Não está claro, nem para Renato, e nem para a torcida. Tampouco para nós, da crônica esportiva. Por isso o desafio do técnico tricolor parece mesmo um trabalho de Hércules. Fazer o que, exatamente? Bem, força nunca faltou a Renato, jogador e técnico, o personagem maior do Grêmio, enfim.
ADAPTAÇÃO – Neste jogo lá no Chile, Everton ainda não era o Cebolinha do Brasil, é verdade, mas já era "o cara". Repare: com Everton, a engrenagem não funcionava. Ou seja, não é apenas por estar sem Everton que o Grêmio piorou. Antes de chegar no abridor de retrancas, a bola navegava pelo meio, ao comando de Maicon. Este fará 35anos daqui a alguns dias e, quando tem condições, exige mais marcação por parte de Matheus Henrique.
O substituto de Everton o Grêmio já tem. É Pepê. Mas e o de Maicon, para formar dupla de volantes apoiadores, com Matheus?
Lucas Silva é pesado e lento. Darlan não se firmou, embora não tenha recebido sequência e a mereça. Talvez Renato tenha de encontrar um volante tipo Jailson. Sabe aquele limpa-trilhos com fôlego de leão e que não seja quebrador de bola? Que, de vez em quando, faça um golzinho? Um volante capaz de marcar feito cão de caça, para soltar Matheus e transformá-lo em um novo Maicon, este cada vez menos à disposição pela idade?
Não seria uma troca de estilo, e sim uma adaptação.