O presidente do Inter, Marcelo Medeiros, pressentiu desde quinta-feira que o prefeito Nelson Marchezan estava prestes a liberar Porto Alegre para jogos sem a presença de público. Por isso, ainda antes da confirmação oficial, nesta sexta-feira (31), ele deflagrou uma forte operação interna no clube.
O vice de relacionamento social, Norberto Guimarães, foi encarregado de entrar em contato com todos os consulados do interior. A orientação expressa é para que todos trabalhem no sentido de desestimular pequenas aglomerações, em casas, bares ou espaços públicos para ver o jogo.
Mais do que isso. Foi pedido aos sempre ativos consulados para que fizessem o contrário de sempre: nenhuma ação de promoção à partida deste domingo contra o Esportivo, valendo vaga na final do segundo turno do Gauchão. Faz sentido. Para que mobilizar a torcida, se a condição para o Beira-Rio seguir recebido partidas é justamente provar que não haverá aglomerações?
O departamento de torcidas do clube entrou em contato com vários líderes de organizadas. Mais de um em uma mesma torcida, inclusive, para não ter erro. É um setor complexo, nem sempre aberto a este tipo de diálogo. O apelo foi o mesmo: consciência de que ajudar o clube, nesse momento, é trabalhar para provar aos críticos da volta do futebol que: 1) não haverá aglomeração e 2) não restará sensação de normalidade alguma com portões fechados e jogadores de máscara no banco de reservas, além da torcida fake nos telões.
— Agora é com vocês — disse Medeiros aos colorados com os quais tem conversado desde quinta-feira.
Marcelo Medeiros passou o dia, depois de receber o aval do prefeito, empenhando-se pessoalmente nessa empreitada, trabalhando com a ideia colocada por Marchezan. As semifinais do Gauchão serão um teste para jogos em Porto Alegre. Se os torcedores não ajudarem, os estádios poderão ser vetados logo ali adiante, para o Brasileirão. E aí o prejuízo seria ainda maior. É como se fosse a demonstração de paixão possível na pandemia: ver o jogo em casa, em família, pela TV. Nada mais, salvo uma festa na janela, com os vizinhos, se for o caso, mas cada um no seu apartamento.
Só assim o futebol poderá continuar a ajudar no combate a pandemia, testando jogadores e retirando casos positivos de covid-19 do convívio solução, ajudando a reduzir a circulação do vírus. Mas, para isso acontecer, é preciso jogar em ambiente seguro, sem torcida e sem aglomerações na hora de curtir pela TV. Do contrário, é quebrar. E isso, ninguém quer.