A transmissão da final em Tóquio, presente da RBS aos gremistas, derruba um mito. Não, Renato não era um individualista que jogava só para ele, mantido pelo talento. Contra o Hamburgo, ele passou o tempo todo fazendo marcação alta (quando era possível: o goleiro podia pegar a bola com a mão) e voltando para ajudar Paulo Roberto.
No estúdio da RBS TV, apontei algumas vezes no telão para o Luciano Périco: Renato dentro da área do Grêmio. Ou combatendo no meio-campo. Renato acordou, no Japão, decidido a fazer história, o que se notava pelos dentes rilhados e nas broncas que pagava, cobrando atenção.
Depois dele, o nome do jogo foi Mário Sérgio. Um cérebro, bola sempre no pé. Não fossem os dois gols de Renato no 2 a 1, seria Mário Sérgio o melhor em campo. O ótimo Osvaldo sacrificou-se jogando mais recuado, quase volante, para liberar Mário Sérgio e Paulo Cesar Caju.
Outro detalhe: assim como a base está na gênese da retomada recente após 15 anos sem títulos, em 1983 o Grêmio vai para a prorrogação com seis pratas da casa: Paulo Roberto, Baidek, Paulo Cesar Magalhães, China, Renato e Bonamigo, que entrara no lugar de Osvaldo. A memória ensina, e muito.
Exemplo
Na semana que vem será a vez do Inter, em 2006. Também veremos um ídolo se doando para o time. Em Yokohama, na estratégia de tirar espaço do meio-campo do Barcelona, Fernandão abre mão do protagonismo e marca Thiago Motta. Assunto para o próximo domingo.