É legítima a posição do Grêmio de tirar o grupo de jogadores do Rio Grande do Sul, levando-o para um Estado onde possa treinar coletivamente, inclusive abrindo a chance de incorporar o técnico Renato Portaluppi, que está no Rio de Janeiro. Está dentro das regras de combate à covid-19.
Claro que não deixa de ser um forma de pressionar o Palácio Piratini, mas não será esse o discurso do presidente Romildo Bolzan, com quem troquei ideias na manhã desta terça-feira (30), logo depois que o Zé Alberto Andrade deu a notícia em GaúchaZH.
Se o Governo do Rio Grande do Sul não permite que ele trabalhe, mesmo com todas as provas já reconhecidas até pelo governador Eduardo Leite em termos de segurança sanitária nos CTs, qual o problema de ir aonde deixam?
O Grêmio não pode ficar para trás na preparação. Os adversários estão tocando o barco. E se o Brasileirão voltar em agosto? Não há certeza, mas não se pode pagar para ver. Tem de estar preparado quando a CBF marcar rodada, e isso significa treinar coletivamente.
Tenho insistido nisso há mais de um mês. Se a situação piorou no RS, ainda que os números sejam melhores do que RJ e SP, então que se permita ao menos treinos às ganhas. Vamos combinar que paciência não faltou a Romildo Bolzan. Foram meses de trabalho físico e centenas de testes sem nenhum infectado, à exceção de Diego Souza (assintomático) lá atrás.
A gota d'água para a oficialização do Grêmio foi a entrevista de Leite, que demonstrou pouco caso com o futebol. Usou a expressão "não é prioridade". Pegou mal nos clubes. O governador disse até que o problema não seria o jogo em si, mas as pessoas se reunirem em grupos, como se alguém fosse convidar o prédio todo para assistir uma partida na sala do seu apartamento.
O protocolo da FGF prevê uma zona de segurança no entorno dos estádios, em parceria com Ministério Público e Polícia, para evitar aglomeração. Ficou parecendo que Leite nem leu o material levado ao Palácio pelo presidente da FGF, Luciano Hocsman.
Nada que o bom diálogo não possa resolver, e tanto Leite quanto Romildo são homens de diálogo.