Lionel Messi e Cristiano Ronaldo deram adeus à Rússia com matizes de melancolia, para não dizer pela porta dos fundos. Foram embora nas oitavas. O que enseja uma reflexão: um gênio pode mesmo ganhar uma Copa sozinho? O exemplo mais lembrado é o de Maradona, em 1986, muito em função daquele gol contra a Inglaterra, no qual ele driblou até a Rainha Elizabeth. Mas era mesmo só El Diez, no México?
Aquela Argentina tinha Valdano e Burruchaga. E tinha técnico: Carlos Billardo. Até Pelé, em 1958 e 1970, era o brilho mais intenso de uma constelação. Não era exército de um homem só. O raciocínio correto é o inverso, embora forneça menos inspiração para um relato romanceado acerca do jogo de vida ou morte entre Brasil e México, nesta segunda-feira, aqui em Samara.
Pode parecer a história do ovo e a galinha, mas não se trata de um time virar comum se o craque não pode jogar, como ainda debatemos sobre Neymar e o Brasil, e sim de o extraclasse tornar-se medíocre quando não tem o suporte de um bom time. Salvo lampejos, a Copa de Messi e CR7 foi fraca por isso. Neymar ainda não explodiu. Está evoluindo, dentro do previsto após a fratura no dedo do pé.
A Seleção se classificou sem Neymar ser escolhido nenhuma vez o melhor em campo. O destaque, por enquanto, é Philippe Coutinho, com dois gols e uma assistência estilo Gerson para Paulinho, contra a Sérvia. O diferencial do Brasil de Tite é a pilotagem de uma equipe forte, à espera do Neymar que todos conhecemos. Aí, quando o craque desencantar, o salto será firme, de candidato a título.
Até agora, Alisson não fez nenhuma grande defesa. Suíça, Costa Rica e Sérvia mal conseguiram rondar a sua área. Em decisão de um jogo só, o improvável sempre tem mais chance contra a lógica. Fatores emocionais podem decidir, assim como um erro individual ou de arbitragem. Enquanto os mexicanos se classificaram com as calças na mão, a Seleção cresce a cada jogo.
Mas nada se compara a uma Copa nestas questões para além da nossa compreensão. Ainda assim, minha aposta é de que este será o primeiro superjogo de Neymar, para comprovar que a fórmula "bom time + craque" melhora as duas partes. CR7 e Messi não tiveram esse suporte. Só tomara que o Sobrenatural de Almeida não resolva dar as caras justamente aqui em Samara.