De todas as cinco finais de Libertadores que disputou em seus 114 anos de vida, em nenhuma o Grêmio entrou tão perto de ser campeão como a da noite desta quarta-feira.
Em 1983, o Peñarol era o campeão do ano anterior. Um timaço. No ano seguinte, problemas extracampo, de premiação, vitaminaram o Independiente.
Em 1995, o Nacional era metade da seleção colombiana. A outra metade tinha o mecenato de Pablo Escobar. Em 2007, o Boca era dez vezes melhor.
Na noite desta quarta-feira, não.
O Grêmio de Renato só não começa com 2 a 0 por um duplo erro de arbitragem: além de cegar diante do pênalti em Jael, não chamou o vídeo para chancelar o que o planeta viu.
Esse cenário histórico garante o Tri? Não, é claro. O adversário é argentino, e eles se superam por natureza. Está no DNA. Sem jogadores melhores do que os do Grêmio – a diferença técnica individual é como daqui a Abu Dhabi –, resta ao Lanús dois caminhos. O primeiro é o da superação. O segundo, da supremacia tática.
Em ambos, o Grêmio equilibra a luta, para desempatar no talento de seus jogadores. Na garra, não há de perder, vamos combinar. O Grêmio de Renato já mostrou que é valente e destemido, inclusive mentalmente. E, mesmo com o lado tático forte, quem perdeu na Arena foi o Lanús. Só atacou uma vez, naquela defesa eterna de Marcelo Grohe. A volta do intervalo foi de ataque contra defesa, ainda que na bola aérea. Bem, mas e o caminho para o tri da América?
Estratégia
Na prática, o que o Grêmio tem de fazer em La Fortaleza? Tirar o Lanús da zona de conforto. Se o time de Jorge Almirón se sente bem trocando passes deste o goleiro, que o Grêmio incomode desde aí. Ainda mais sem o zagueiro Braghieri, um dos esteios na saída de bola. Será essencial suportar os primeiros 20 minutos com marcação alta.
Depois, relógio a favor, o Lanús terá de alongar o campo e se descompactar, assumindo riscos e oferecendo espaços a Luan. Aí é hora de baixar a marcação até a linha divisória, atraindo o Lanús e... zás! Contra-ataque, de preferência já com Everton. Não existe jogo vencido por antecipação, mas não se pode negar que, das cinco finais, esta é a mais favorável em 114 anos.