Temer identificou que existe revolta nacional contra os irmãos Batista, da JBS, e partiu para o contra-ataque. É uma estratégia inteligente. Afinal, os Batista são delatores exatamente porque são criminosos. Ou seja: não terão a simpatia de ninguém. Colocar-se como oposto deles será sempre positivo e joga com o velho pensamento binário do brasileiro: se sou contra o mau, sou bom.
Para ajudar a tese de Temer, há a questão da adulteração da gravação. Fica evidente que houve malícia de Joesley Batista na reunião noturna no palácio. Foi, claro, uma cilada.
O problema é que mesmo o que resta da gravação é péssimo para Temer. O presidente da República não pode ouvir o que ouviu de um empresário e manter-se impávido, sem reação alguma.
Só municiado de muito cinismo alguém pode afirmar que a conversa de Temer e Joesley foi natural. Ao contrário, o diálogo provou o que se tem visto na Lava-Jato: que a relação entre poder e dinheiro, no Brasil, é mais do que promíscua – é obscena.