Confesso que fiquei emocionado quando vi, entre os e-mails de sempre, uma mensagem de antiga colega da quinta série, quando eu me preparava para o Exame de Admissão. Muito gentil, ela faz questão de informar que está morando em São Paulo mas acompanha o meu trabalho há muitos anos, até porque – eu não sabia – cursou a faculdade de Jornalismo e sempre trabalhou como revisora de texto. “Já usei várias de tuas colunas para amansar clientes teimosos – sabes como é, aqueles que embirram contra as correções que proponho. Também pesquiso bastante no teu site, mas desta vez não achei o que eu preciso: o dono de uma pequena rede de clubes noturnos leu em algum lugar que é errado chamar de consumação aquela quantia mínima que se cobra na entrada, pois o certo seria consumição – aquilo que será consumido. Não posso negar que haja certa lógica no que ele afirma, mas minha intuição e alguns bons dicionários dizem que sempre foi assim e que seria imprudência mexer nisso. Só não tenho nenhum argumento técnico para contrariá-lo; como dizia nosso hino, ‘pela glória do Instituto e a grandeza do Brasil’, podes ajudar esta velha colega?”.
O Prazer das Palavras
É nos desvios da norma que a língua está realmente inovando
Por acaso, vocábulos tecnicamente “malformados” não têm o direito de viver?
Cláudio Moreno
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