Existe, entre os gremistas, uma grande curiosidade relacionada a postura do torcedor diante do fracasso do Grêmio nesta temporada. E essa é uma pergunta que abre uma grande discussão sobre o que é uma torcida de massa, que ultrapassa os 8 milhões, e conta com homens, mulheres, crianças, ricos e pobres distribuídos em diversos lugares completamente diferentes. A análise, por tudo isso, fica ainda mais fascinante.
A Arena do Grêmio informou que mais de 20 mil torcedores já garantiram ingresso para o jogo de domingo (1º), contra o São Paulo, o que, claramente, é uma demonstração de apoio ao péssimo momento do time dentro do campo. Isso não quer dizer, no entanto, que as pessoas presentes no estádio estão contentes com o que está acontecendo.
Mesmo em um ambiente menor diante do número total de torcedores, existe divergência sobre como agir. Alguns aplaudem, outros vaiam e a grande maioria prefere apenas observar. E essa me parece a grande aula diante de tudo isso.
O técnico Renato costuma falar que vai ouvir a torcida, pedindo uma voz uníssona a um coletivo que se comunica apenas pelo amor à camisa do clube, mas que, claramente, jamais conseguirá ter a mesma opinião sobre situação alguma. E que bom que é assim. O segredo de uma torcida está na pluralidade, na forma distinta de pensar.
Imaginar um contingente gigante, separados por questões sociais, etárias, geográficas, e que, ao final, se unem por uma bandeira é uma mágica que só o futebol pode fazer.
Crer, no entanto, que essa paixão possa ser movimentada de acordo com qualquer narrativa é um erro que diminui a inteligência do contexto. O torcedor do Grêmio é uma reunião de opiniões. Jamais esperem que uma torcida com essa mágica tenha um tipo único de posicionamento.
A arte de torcer por um clube de futebol é uma dádiva que poucos entendem e será sempre assim. Estar próximo de pessoas diferentes, com ideologias e conceitos sobre a vida distintos, trazem ao futebol algo que gostaríamos que a sociedade como um todo alcançasse.
Torcer para o mesmo resultado mesmo pensando completamente diferente é um segredo que o futebol nos ensina a cada jogo. Torcer para o Grêmio, gostando ou não presidente ou do treinador, é uma aula de relacionamento. A luta pela vitória é a mesma, mas o caminho para esse destina não precisa ser o mesmo para todos. Essa é a resposta.