O final de semana foi de ensinamentos. No sábado (17), o Grêmio perdeu para o Bahia e o goleador do jogo foi Thaciano, jogador que deixou o Tricolor sem nunca ter o respeito da maioria da torcida. No domingo (18), foi a vez de o Inter perder. E a derrota mostrou que as últimas escolhas pioraram o time, sobretudo na defesa. E esta é a provocação desta coluna.
A nossa relação com a dupla Gre-Nal é de cobrança forte, contundente, e isso tem gerado algumas distorções e também injustiças. Durante as crises técnicas dos times, acabamos criando figuras extremas de fracassos e, como consequência, mudamos muito rápido a fotografia das equipes. Essa ação gera custos indevidos aos clubes e tomadas de decisão muitas vezes completamente erradas. Essa tem sido a lógica dos últimos anos por aqui. A cobrança por vitórias imediatas criou uma régua que não está ajudando neste momento.
A mudança drástica do Inter em meio à temporada enfraqueceu o time, que tem na luta contra o rebaixamento o seu desafio do ano. Essa lógica também fez o Grêmio correr riscos em outras temporadas, mas os exemplos do Tricolor estão muito mais relacionados aos atletas do que ao contexto do time. Já temos um importante número de jogadores que deixaram o clube sem ambiente, mesmo produzindo mais do que quem os substituiu. Esse contexto deixa claro que a régua de exigência do ambiente do futebol tem apressado situações acima de qualquer convicção.
Justificamos as exigências citando a folha de pagamento dos nossos clubes, mas grande parte deste investimento existe exatamente pela mesma razão. A ansiedade e a pressa têm sido a tônica dos projetos e os problemas parecem cada vez maiores. Nossa distância em relação aos bons times do país segue crescendo, e isso precisa ser pensado por todos.
Para se chegar ao melhor nível é preciso passar por estágios que não estamos preparados e a hora é de se discutir isso. Primeiro ter um grupo jovem. Depois, por dois ou três anos, montar uma equipe com uma base bem definida. No final destas três temporadas talvez tenhamos alguma chance. Antes disso, se nada for pensado, resta ficar chorando nas segundas e quintas-feiras pelos fracassos recheados de ironia que o futebol insiste em nos entregar, e que nós, erradamente, respondemos com a rasa necessidade de mudar por mudar.