Nem mesmo a boa vitória do Grêmio por 4 a 1 sobre o Guarany de Bagé na Arena foi capaz de mudar o tom da entrevista coletiva pós-jogo. Mais uma vez, a discussão foi para um campo bélico, de ameaças e inimigos. E a reflexão ganha corpo. Qual é o caminho da comunicação do Grêmio?
A busca por inimigos sempre foi uma forma simplória de se ter engajamento, e aqui não me refiro ao sentido moderno deste termo. A estratégia de busca por rivais cria trincheiras, e nelas temos adeptos mais ferrenhos e dispostos a conflitos mais extremos. Líderes populistas, historicamente, adotaram essa técnica como mantra.
No atual estágio da nossa sociedade, a sensatez perdeu espaço. O “meio termo” é sinônimo de falta de posicionamento, o que acarreta um desprezo para quem não escolhe um lado para lutar e não absorve de forma completa as escolhas, mesmo erradas, dos seus líderes. O curioso é quem nem os nossos ídolos são perfeitos, mas o fato de estarmos presos a essa trincheira (que muitos chamam de bolha) não conseguimos ter essa percepção.
Os últimos acontecimentos do Grêmio indicam que o clube está entranhado nesta técnica arcaica e fora de moda. Buscar o apoio pelo ódio não é uma estratégia quando se tenta convencer massas. Essa é uma forma de engajamento de nicho, técnica que se utiliza para polos de pequenos fanáticos. E o Grêmio, convenhamos, é muito maior do que isso.
Está na hora de discutir de forma mais ampla o que com um orgulho imenso chamamos de “Clube de Todos”. Não se pode mais permitir que o nível de discussão entre gremistas seja de divisão em torno de um profissional, seja ídolo ou não. Os quase 15 anos de Renato no comando do time do Grêmio não pode colocar gremistas em confronto, hoje, claramente, odioso.
Pensem, repensem. O Grêmio foi criado sob a égide da união, do companheirismo e de um ideal. A paixão pelas três cores nunca foi baseada em ódio ou dissidência. Está na hora de recuperar um pouco a nossa raiz. O Grêmio sempre será maior do que tudo e todos!