Futebol e política, muitas vezes, se confundem e as conquistas fora do campo de Grêmio e Internacional passam por este tipo de relacionamento. Historicamente, a dupla Gre-Nal lutou muito para que sempre se tivesse uma espécie de igualdade nas discussões com a política. Neste momento, no entanto, o Grêmio corre um risco de ficar muito atrás do Inter, e é preciso agir com rapidez e inteligência.
Tramita na Câmara de Vereadores um projeto que pode modificar completamente o entorno do Beira-Rio. A construção de “torres” nos estacionamentos com a mudança do objetivo daquelas áreas determinará uma mudança de patamar do Internacional. Não pensem que eu estou criticando a boa articulação política dos dirigentes do Inter ou que eu esteja pedindo para que se barre este projeto. Nada disso, a competência precisa ser aplaudida e o Inter está agindo corretamente. O que me preocupa é o Grêmio, e a sua incapacidade de resolver situações.
Enquanto estamos vendo os movimentos do Inter, o Grêmio parece se arrastar na sua inoperância. A discussão sobre as áreas do Cristal e do CT do Humaitá não tiveram sequência. O entorno da Arena segue sem definição. As prioridades estão distorcidas. É evidente que precisamos de um centroavante, mas o futuro do clube de futebol deve estar sempre no centro das atenções.
Se não tivermos agilidade e capacidade política agora, em 30 anos, o Inter estará maior que o Grêmio, e isso pode ser terrível para as próximas gerações. O Tricolor, assim como o Inter, é um clube perene, que vive de uma paixão "de pai para filho". O que vivemos hoje não foi construído por essa gestão. Somos resultado de um trabalho de 120 anos, que começa na fundação, passa pela Baixada, a construção do Olímpico, a reforma do Monumental, a compra da área de Eldorado, a luta para ter o Cristal e a área do nosso atual CT no Humaitá.
Assim se fez a nossa história. E isso só aconteceu porque sempre tivemos homens atentos no futuro. Muitos destes dirigentes, que articulavam forte nos bastidores, sequer estão entre nós. Aurélio de Lima Py, Fernando Kroeff, Leitão de Abreu e tantos outros estão nos vendo lá de cima e devem estar pensando: será que ninguém está vendo esses movimentos?
A hora é de total atenção. As articulações do Inter podem ser objeto de pressão para as tantas liberações que o Grêmio precisa. O futuro é logo ali e os atuais dirigentes do Grêmio deveriam saber disso. Domingo (28) tem jogo, mas daqui a cinquenta anos vai ter jogo também e o Grêmio precisa ser o mesmo Imortal que é hoje. E isso só vai acontecer se olharmos para lá, agora.