O Grêmio entrou, mais uma vez em uma discussão que parece não ter fim. Torcedores tricolores se dividem entre o amor e o ódio pelo técnico Renato Portaluppi. A relação do treinador com o clube divide sentimentos e merece uma reflexão mais ampla sobre o resultado desta questão.
Renato foi ídolo como jogador, fez os gols do Mundial do Grêmio em 83 e ganhou dimensão de mito junto aos gremistas. Além disso, conseguiu vencer também uma Libertadores como técnico, e isso lhe rendeu uma estátua na Arena. Os números de Renato falar por si, mas junto a isso um mesmo número merece ser colocado no pensamento.
O técnico ídolo começou a função no Grêmio em agosto de 2010. De lá para cá, foram 14 temporadas, sendo que, em 11 delas, Renato esteve como treinador do Grêmio. Apenas nos anos de 2012, 2014 e 2015, ele não comandou o grupo tricolor por um dia sequer. Nos outros anos, mesmo por alguns meses, o treinador campeão da América em 2017 treinou o time do bairro Humaitá.
Este dado indica que Renato foi o treinador do Grêmio por uma geração. Nascidos no início dos anos 2000 não sabem o que é viver um Grêmio sem Renato, e isso transforma a discussão em algo muito mais complexo.
O Grêmio nasceu em 1903, sobreviveu a guerras, a dificuldades econômicas, muitos governos e sempre recebeu mais e mais torcedores. Hoje, dizem as pesquisas, somos mais de 10 milhões de aficionados. Colocar um nome no centro da discussão de um clube como o Grêmio é, no mínimo, diminuir o tamanho da nossa paixão.
O Grêmio é maior do que todas as pessoas e discutir um treinador acima do seu próprio trabalho não é respeitar essa premissa. Lupicínio já havia nos ensinado, mas nunca é demais lembrar.
"Até a pé nos iremos
Para o que der e vier
Mas o certo é que nós estaremos
Com o Grêmio, onde o Grêmio estiver"