A venda de Bitello, a aposentaria de Jean Pyerre, a dificuldade com Kauan Kelvin, a contratação de jogadores médios e a velha política de utilização de cascudos reabre uma discussão importante no Grêmio e também em outros grandes clubes brasileiros. As categorias de base são investimento ou custo para um clube?
O Grêmio, sobretudo entre os anos de 2015 e 2019, foi sustentado por grandes vendas dos talentos formados no clube. Claramente, naquele momento, a base foi um investimento bem definido, com resultados práticos, tanto no lado esportivo, como no financeiro. Foram mais de R$ 900 milhões arrecadados e essa foi uma bandeira do clube para o mercado do futebol.
A relação, no entanto, mudou. Nos últimos anos, o Grêmio buscou contratações caras e parece ter esquecido de deixar espaço para estes atletas. O técnico Renato, na retomada de 2023, tentou criar espaço para meninos mais jovens (Ronald, Zinho, Gustavo Martins, Cuiabano), mas aos poucos os cascudos acabaram dominando o time, que hoje tem uma escalação definida por jogadores contratados.
Alguns atletas têm forte visibilidade na base do Grêmio (Gabriel Mec, Nathan Fernandes, entre outros), mas curiosamente essa força do mercado ocorre muito mais por ação dos seus empresários e das convocações das seleções do que por um projeto de utilização e plano de carreira do próprio Tricolor.
A discussão, por isso, precisa ser retomada. A base está em que estágio de preocupação no Grêmio? Investimento ou custo? Um projeto de clube de futebol passa exclusivamente por essa resposta e o Tricolor precisa ter maturidade para falar sobre isso. O discurso é muito fácil, mas a prática precisa seguir o tom das palavras.