O erro da arbitragem no jogo entre Grêmio e Corinthians virou a discussão do país. Em tom unânime, o coletivo esportivo definiu como absurda a interpretação do árbitro de campo e, principalmente, do VAR na análise do lance.

Para completar, a CBF agiu rápido e divulgou o áudio do VAR no momento da discussão entre os árbitros na hora da mão de Yuri Alberto na área do time paulista. E a situação ficou ainda pior. A entidade que comanda o futebol brasileiro, claro, concordou com a unanimidade. 

É preciso dizer, no entanto, que não houve unanimidade, já que dois profissionais do futebol, sendo um de Copa do Mundo, definiram como normal o lance. E, curiosamente, eles eram os protagonistas do jogo desta segunda-feira. 

E é aí que entra o circo, os palhaços, os mágicos, os ilusionistas, os malabaristas e o picadeiro... 

O episódio de Itaquera precisa ser tratado além do próprio lance e ser visto por outro viés. Um grande circo está montado no futebol no Brasil e isso precisa ser discutido.  

Os palhaços da hora são os torcedores do Grêmio, mas isso é factual. Amanhã serão outros e assim por diante. Sempre teremos palhaços na ordem atual do futebol brasileiro e eles sempre estarão fardados com a camisa de algum time.

Os mágicos, ilusionistas e malabaristas das linhas e interpretações estão terminando com um conceito fundamental do esporte. A arte de definir o resultado do espetáculo de acordo com a vontade de alguém afasta a credibilidade do jogo e o transforma em um evento com outra lógica. Todos que vão a um circo sabem o que vão encontrar e, principalmente, como vai acabar.

O futebol está sob risco no Brasil. Ou se muda isso e se entrega o picadeiro e o protagonismo aos jogadores ou teremos que mudar a forma de tratar o esporte. O torcedor precisa voltar a ser plateia e o fato principal deverá ser a imprevisibilidade e a surpresa no resultado dos jogos, tendo mínima coerência nas tomadas de decisão dos mediadores do evento.

No dia que a torcida desconfiar sobre a lisura das decisões, o futebol perderá o seu encanto. E é essa a discussão atualmente. 

Nós estamos assistindo exatamente o quê: um circo ou uma partida de futebol?