A reunião do Conselho Deliberativo do Grêmio, realizada na noite de segunda-feira (28), expôs uma série de situações que merecem a nossa apreciação. Os números de um clube de futebol, de um modo geral, não têm a curiosidade da torcida, mas alguns pontos merecem muito a nossa avaliação.
Você sabia, por exemplo, que o Grêmio gastou com o futebol quase a mesma coisa no primeiro semestre de 2022 em relação ao mesmo período de 2023? Pois é. O início do ano na Segunda Divisão e o começo da temporada com Suárez custou quase a mesma coisa. E quanto o clube arrecadou com os sócios neste ano? Você tem ideia deste valor?
Diferentemente do campo de jogo, os números, do ponto de vista financeiro, respondem a todas a perguntas. Vamos a eles.
O custo do primeiro semestre de 2023 foi de R$ 173,7 milhões, aproximadamente 3,89% acima do mesmo período do exercício de 2022, representando um aumento de R$ 6,8 milhões. Ou seja, aqui um ponto positivo. Mesmo gastando mais do que o previsto, o Grêmio agregou muita qualidade no time.
A receita no primeiro semestre de 2023, por sua vez, foi de R$ 168,7 milhões, sendo R$ 19,78 milhões acima do previsto em orçamento. Aqui uma curiosidade. A receita de 2023 foi menor do que a de 2022, fato justificado pela venda de jogadores no início do ano passado.
O aumento da receita em relação ao orçamento se deu principalmente pelo acréscimo nas áreas de publicidade, patrocínio, royalties e etc. Aqui, dois dados importantes. A loja GrêmioMania faturou R$ 1,38 milhões a mais do que o previsto e o quadro social faturou R$ 5,42 milhões a mais do que o projetado.
Mesmo com dados que merecem ser saudados, o Grêmio apresenta números que preocupam muito, e a busca por receitas segue muito intensa. A principal preocupação está na relação entre os valores projetados de vendas de atletas e o valor realizado. O Grêmio projetou vender R$ 62,5 milhões neste período e vendeu apenas 10,4 milhões.
Outro ponto preocupante está no endividamento bancário, que atingiu um número acima de R$ 100 milhões, sendo R$ 40 milhões no curto prazo. Muitos presentes se mostraram preocupados quanto ao cumprimento das obrigações até o final de dezembro. Os dirigentes atuais disseram que existem soluções para isso, citando a entrada da antecipação da Libra como uma das situações possíveis. O presidente Alberto Guerra afirmou, inclusive, que recusou ofertas por atletas e mostrou confiança na solução dos problemas com a construção de novas receitas.
Existem dois fatos importantes que precisam ser relatados. Existe grande preocupação de alguns conselheiros (inclusive do Conselho Fiscal) com relação ao risco de não cumprimento de obrigações importantes do clube ainda em 2023 (Profut, por exemplo). Em contrapartida, existe grande confiança dos membros da direção atual sobre as ações que estão sendo tomadas para resolver as dificuldades.
Agora é com o tempo.