Estamos testemunhando a história. Sim, é isso que Beatriz Haddad Maia está fazendo em Paris nos últimos dias. Chegar a uma semifinal de Roland Garros sendo uma tenista do Brasil é quase impossível. Figurar entre as 15 melhores do mundo em simples e duplas, como ela conseguiu, é algo para poucos, quase raro.
Até hoje, vivíamos das recordações de Gustavo Kuerten, tricampeão no sagrado saibro francês, e dos fatos narrados dos tempos de Maria Esther Bueno, a nossa eterna "bailarina do tênis", apelido dado pelos jornais ingleses, que destacavam a beleza plástica dos movimentos da tenista.
Depois de se classificar para a semifinal, Bia relembrou que jamais foi um fenômeno e que sempre teve que lutar muito para atingir melhores resultados e superar muitos obstáculos, como uma série de lesões e até uma suspensão por doping, pouco antes da pandemia.
Claro que a maioria das pessoas que irá acompanhar a semifinal de quinta-feira (8), contra a polonesa Iga Świątek, deve imaginar que a paulista de 27 anos é um novo Guga ou então que se perder terá fracassado, afinal o brasileiro está acostumado apenas com futebol e sempre tende a comentar pelo resultado. Ou seja, se venceu é bom, se perdeu é fracasso. Mas não é assim.
Em Roland Garros, Bia já fez história, assim como fizeram Laura Pigossi e Luisa Stefani, com o bronze de duplas nos Jogos Olímpicos de Tóquio, Rafael Matos e Stefani nas duplas mistas no Aberto da Austrália, Marcelo Melo e Bruno Soares vencendo diversos torneios de duplas e chegando aos primeiros lugares do ranking, Fernando Meligeni ao levar o ouro dos Jogos Pan-Americanos de 2003, Maria Esther ao empilhar títulos nos anos 1960 e muitos outros jogadores e jogadoras que de alguma forma furaram esta bolha de um esporte onde sempre o Brasil viveu de fenômenos.
E você, Bia, é, sim, um fenômeno.