
Maio de 2025 chega para os gaúchos com uma sensação diferente, um ano depois da chuvarada que resultou na grande enchente que assolou o Rio Grande do Sul. Uma das perguntas que fica no ar é: como deve ficar o tempo no próximo mês? Há chance de uma nova cheia?
As interpretações são um pouco diferentes com relação à previsão para o período. O consenso entre as fontes consultadas por Zero Hora é de que o cenário é bem distinto do que o observado em 2024. Eventos extremos não são esperados.
Neutralidade climática
Os fatores que provocaram os grandes acumulados de chuva em 2024 ainda precisam ser melhor estudados. O que se sabe é que, naquela ocasião, o Estado encontrava-se sobre influência do fenômeno El Niño, que está associado a períodos de mais chuva na Região Sul.
Em dezembro, outro evento entrou em vigor: o La Niña, que está relacionado a temporadas mais secas. Atualmente, de acordo com Daniel Caetano, meteorologista da Universidade Federal de Santa Maria (UFSM), o Rio Grande do Sul está em uma condição de neutralidade climática. Isso significa que a temperatura do Oceano Pacífico deixou de um ter efeito no clima do território e outros fatores globais de larga escala passam a se sobressair, como as frentes frias, as massas de ar frio e os sistemas convectivos.
— A previsão, pelo menos, para os próximos três meses, é de que essa condição permaneça. O que acabamos esperando, quando temos uma condição de neutralidade, é que eventos do dia a dia contribuam ou não para a ocorrência de chuva — pontua o especialista.
Características de maio
A Climatempo destaca que maio é considerado um dos meses mais frios do ano na Região Sul, com características mais de inverno do que de outono. Naturalmente, são esperadas mais massas de ar frio de origem polar de moderada a forte intensidade, provocando uma queda mais acentuada da temperatura e um aumento da probabilidade de geada e neve.
Além disso, dias com baixos níveis de umidade no ar também ficam mais comuns devido à passagem dessas massas.
E como deve ficar a chuva?
Diante da neutralidade do La Niña, projeções do Instituto Nacional de Meteorologia (Inmet) estimam que a chuva no Rio Grande do Sul deve ser um pouco acima da média climatológica na maior parte do Estado, a qual fica em torno dos 140 milímetros e 180 milímetros. A projeção do órgão indica que os volumes podem ficar entre 10 milímetros a 50 milímetros acima do que costuma ser observado. Os maiores acumulados para o mês são previstos nas proximidades da região serrana.
Já a Climatempo pontua que a precipitação deve ficar pouco acima da média em parte da porção centro-norte do Estado, área que abrange a região metropolitana de Porto Alegre, Serra, Centro e parte do Norte e do Noroeste. Em pontos do extremo Norte e do Sul, além da Fronteira Oeste, a chuva deve ficar um pouco abaixo da média.
Na interpretação do meteorologista da UFSM Daniel Caetano, a tendência é que, mesmo com o fim do La Niña, siga a tendência de volumes mais baixos, entre 100 milímetros a 150 milímetros. A expectativa é que as frentes frias passem com maior frequência, mas com menor conteúdo de umidade.
— Ainda recebemos alguns reflexos da ocorrência do La Niña. Os modelos dinâmicos vêm apontando que nos próximos 15 dias não teremos a incursão de frentes frias intensas de chuvas. Então, nos leva a estimar que a chuva para o mês de maio fique abaixo da média — pontua.
Esperamos que essa chuva de maio, junho e julho ocorra em todo o território. Em alguns eventos podemos esperar uma chuva localizada, mais intensa. Mas, de maneira geral, esse volume não deve ser tão grande
DANIEL CAETANO, METEOROLOGISTA DA UFSM
Comportamento da chuva
Caetano destaca que a chuva deve ser distribuída, abrangendo áreas maiores do Rio Grande do Sul. Entretanto, não se descarta a ocorrência de pancadas mais localizadas.
— Conforme vamos indo para uma estação fria, mais esses sistemas se tornam abrangentes sobre o Estado. Esperamos que essa chuva de maio, junho e julho ocorra em todo o território. Em alguns eventos podemos esperar uma chuva localizada, mais intensa. Mas, de maneira geral, esse volume não deve ser tão grande.
A Climatempo também adiciona a previsão de episódios mais frequentes de geada na Campanha Gaúcha e na Serra, além da formação de nevoeiros no início das manhãs.
E a temperatura?
As massas de ar frio polar começam a chegar com maior frequência ao Rio Grande do Sul, mas os períodos frios devem vir alternados com dias mais quentes. Segundo a Climatempo, isso se deve ao ingresso de ar quente vindo do interior do Brasil.
De forma geral, a temperatura deve ficar dentro da normalidade e um pouco acima da média em alguns pontos. O destaque fica para a amplitude térmica que deve ser observada na maioria dos dias.
— Esperamos que a temperatura mínima, aquela temperatura do amanhecer, fique abaixo da média. Em compensação, a temperatura do período da tarde fica mais elevada, fazendo com que a amplitude térmica seja mais considerável — afirma o meteorologista Daniel Caetano.
O Inmet estima que a temperatura média geral fique abaixo dos 20°C. Em localidades mais elevadas, como na Serra, a entrada de massas de ar frio pode deixar a média abaixo dos 15°C.
Como deve ser o primeiro dia do mês
O primeiro dia de maio será de tempo firme em todo o Rio Grande do Sul. Não há previsão de chuva para nenhuma das regiões. O sol deve aparecer entre algumas nuvens e a temperatura segue amena, mas gradativamente as máximas devem começar a aumentar mais, sobretudo no oeste gaúcho.
- Porto Alegre: mínima de 10ºC e máxima de 24ºC
- Caxias do Sul: mínima de 9ºC e máxima de 23ºC
- Bagé: mínima de 10ºC e máxima de 22ºC
- Uruguaiana: mínima de 11ºC e máxima de 25ºC
- Rio Grande: mínima de 15ºC e máxima de 20ºC
- Tramandaí: mínima de 14ºC e máxima de 21ºC
- Passo Fundo: mínima de 10ºC e máxima de 24ºC
*Produção: Carolina Dill
É assinante, mas ainda não recebe as newsletters com assuntos exclusivos? Clique aqui e inscreva-se para ficar sempre bem informado!